A paz é fruto da justiça

segunda-feira, 05 de janeiro de 2015

Caros leitores, na Roma antiga, na aurora do cristianismo, os fiéis eram perseguidos pelo povo raso por causa de inúmeros boatos. Acusavam os cristãos de antropofagia, sectarismo, infanticídios, proliferação de doenças, conjuro da ira divina. E por estes motivos foram barbaramente assassinados, dando origem ao martiriológio que não para de aumentar suas páginas. Tais atrocidades sempre foram justificadas pelo atraso cultural das sociedades que as promoviam.

Nosso olhar se detém com preocupação quando sabemos que o ano que terminou foi, mais uma vez, marcado por uma grande violência contra os cristãos do mundo inteiro, ainda que pouco se escute, nos meios de comunicação atuais, semelhantes notícias.

Como exemplo citamos o êxodo a que se veem obrigados os cristãos do Iraque e da Síria em virtude da violência do Estado Islâmico (EI). Este declarou nessa região um "califato”, chegando a perseguir inclusive a muçulmanos xiitas e outros que não se submetem à sua versão radical do Islã sunita. A gravidade do problema era tamanha que já em julho o conselho de segurança da ONU denunciou a perseguição dos jihadistas do EI contra as minorias no Iraque, especialmente os cristãos de Mossul, recordando que isso pode constituir um crime contra a Humanidade.

Não estamos falando da tentativa de expulsão de estrangeiros recém-chegados ao país; falamos de famílias com tradições locais de 2000 anos! Que passaram por todas as adversidades históricas daquele lugar e que resistem e continuarão resistindo bravamente, a pesar das forças contrárias.

Minha intenção em divulgar estes episódios não é a de provocar a revolta. O fato é que notícias como esta constantemente se repetem nos países do Oriente Médio, na Coreia do Sul, na China, nos países islâmicos da Oceania e do Norte da África. Não esqueçamos esta realidade em nossas orações.

Quando o cristianismo é a religião dominante podemos nos esquecer de que sustentar as cruzes uns dos outros faz parte de nossa vocação divina, e assim, partilhar do sofrimento redentor de Cristo. Neste engano podemos perder nosso caminho perseguindo-nos uns aos outros... Que Deus nos ensine o caminho da unidade e da paz, fruto da justiça que promove o amor e semeia nos corações sentimentos de comunhão e de solidariedade. Aí, verdadeiramente, poderemos falar da tão sonhada paz.


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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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