Congresso Nacional é palco de baixarias promovidas por senadores e deputados

segunda-feira, 01 de dezembro de 2014

Cenas ridículas de violentos bate-bocas, dedos em riste e agressões verbais foram a tônica na sessão do Congresso Nacional, na quarta-feira passada, que tentou sem sucesso mudar a meta fiscal de 2014. Na realidade, a bancada governista de senadores e deputados federais é composta por indivíduos não compromissados com os destinos do país e sim em manterem as benesses recebidas em troca do abaixar a cabeça e dizer amém às vontades de uma presidente que há muito perdeu o rumo. Verdadeiros sanguessugas. É, na realidade, uma mancha que desmerece nossa credibilidade como nação séria.

Que nossa presidente é uma péssima administradora, não honrando o curso superior em que se graduou, talvez mais interessada, na época, na luta armada do que no currículo escolar, não temos dúvida. Que também é uma péssima gerente, temos exemplo de sobra, com a volta da inflação e o pífio crescimento da economia em consequência do aumento das despesas públicas. Para mascarar tudo isso, a solução gestada nos porões incompetentes do Palácio do Planalto foi a tentativa de alterar a meta de superávit fiscal fixada na LDO (Lei das Diretrizes Orçamentárias). A necessidade técnica desse superávit é garantir fundos suficientes para o pagamento dos juros da dívida ativa da união. 

Numa solução tipicamente bolivariana, métodos usados pelas outras republiquetas do nosso porte como Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela, Dilma quer fazer aprovar uma proposta que desobrigue o governo de cumprir o superávit deste ano, que é nenhum. Assim, jogamos para debaixo do tapete a incompetência do primeiro mandato do atual governo, onde a gastança, a corrupção e o desperdício com os tais projetos sociais foram a tônica. Numa manobra típica de governos autoritários, com a conivência desses políticos verdadeiros Maria Vai Com as Outras, tenta-se alterar uma lei com o objetivo de tapar o sol com a peneira. De acordo com economistas graduados e conceituados da PUC-Rio, essa mudança, se for concretizada, causará a perda de credibilidade do governo federal, o aumento do endividamento, além de agravar a inflação e a recessão econômica. Ainda coremos o risco de sermos rebaixados pelas agências reguladoras internacionais, o que com certeza vai afugentar os investimentos estrangeiros, piorando ainda mais a nossa economia.

Ao descumprirem essa lei, os maus gestores que não observam as disposições nela contidas podem ser enquadrados na Lei de Crimes Fiscais (Lei 10.028/2000), que prevê, entre as punições, pena de detenção e de reclusão, em alguns casos podendo chegar a quatro anos e multa de 30% dos vencimentos anuais. Aliás, já pensaram na vergonha incomensurável que será vermos nossa presidente penalizada pelo descumprimento de uma lei e obrigada a pagar multa? A suprema desmoralização de um partido, o PT, conivente com o maior escândalo público do Brasil republicano (aliás, num país sério ele teria seu registro de funcionamento cassado), vai ter que conviver com a possibilidade de ter em seu seio um presidente multado. Por isso a tentativa ridícula de alterar a lei e salvar a pele de Dilma; mal comparando, é a mesma atitude do marido traído, ao retirar o sofá da sala.

Mas o que mais chama atenção é o fato de ser a classe pobre a mais atingida quando a inflação começa a sair dos eixos. Assim, não se compreende o fato de um partido que apregoa aos quatro ventos ser defensor ferrenho das políticas sociais ser conivente e defender os malfeitos de seus correligionários. Ou será que o ‘tudo pelo social’ é apenas mais um artifício para justificar tanta gastança? 

Está chegando o dia em que os 54 milhões que elegeram Dilma Rousseff se arrependerão amargamente. Só que, então, Inês já estará morta.

P.S: Ao ser aplaudido de pé na reunião do PT, em Fortaleza, João Vaccari Neto, tesoureiro da agremiação e envolvido no escândalo da Petrobras, reforça a tese de que o partido deveria ter seu registro cassado. Os aplausos a um fora da lei, até prova em contrário, mostra o comprometimento daquela assembleia com atos ilícitos.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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