O perigo das denúncias sem comprovação

terça-feira, 04 de novembro de 2014

Estão surgindo relatos na mídia e nas redes sociais que levantam dúvidas sobre a lisura da última eleição presidencial no Brasil. A mais recente da qual eu tomei conhecimento fala da violação de urnas do Nordeste, que teria o conhecimento do alto escalão do país, numa manobra que envolveria a desprezível soma de 35 milhões de dólares. De acordo com as informações, tal denúncia estaria sendo checada por vários jornais brasileiros, pela revista Veja e pelo Wall Street Journal of America.

A isso se soma alguns vídeos, também difundidos pelas redes sociais, como o material de uma urna eletrônica, com o relatório do mesário, o livro de presença do eleitor, o pendrive de segurança e a justificativa de alguns eleitores, numa demonstração clara da possível violação dessa urna. Junte-se a isso uma tentativa de auditoria das eleições solicitada pelo PSDB, semana passada, o que faz supor que tal agremiação também fora colocada a par de possíveis irregularidades.

Que o PT não estaria disposto a largar o osso, que o partido seria capaz de não importa que medidas, limpas ou sujas, para conseguir sua meta de reeleger a presidenta, ninguém duvida. Basta ver a baixeza em que se transformou a campanha eleitoral, na tentativa bem-sucedida de desconstruir Marina, no primeiro turno, e Aécio, no segundo. Some-se a isso o mar de lama em que se transformou o país, com os escândalos nossos de cada dia, mostrando até que ponto chegou a desmoralização de um partido que se dizia sério. Tudo para se perpetuar no poder.

No entanto, é preciso que se haja com lisura para que a imagem do país, lá fora, não fique cada vez mais comprometida, desconstruindo de maneira irremediável um grau de seriedade que adquirimos às duras penas, após a estabilização de nossa moeda com o plano Real. 

Acho, inclusive, que o ministro Dias Tofolli, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, juntamente com o chefe da Casa Civil, órgão ligado à Presidência da República e, talvez, a própria presidente deveriam vir a público, através de uma cadeia de rádio e televisão, tranquilizar a sociedade brasileira e garantir o alto grau de honestidade que cercou a última eleição no Brasil. Até porque, a esperteza e competência dos gestores do PT fizeram com que mais da metade dos eleitores brasileiros, principalmente aqueles que se utilizam das várias benesses que lhes são ofertadas, votassem de olhos fechados no partido do governo. A esse contingente de brasileiros, pouco importa os escândalos da era Luís Inácio e Dilma Rousseff; para eles, casa, comida e, se possível, roupa lavada, independentemente de terem de realizar algum esforço para consegui-los, é o que importa. 

Assim, manobras escusas para se ganhar eleição se tornaram desnecessárias tamanho o grau de aparelhamento do estado promovido pelo PT. 

Boatos, principalmente após uma eleição muito disputada como o foi a nossa, não vão faltar, mas é preciso para o bom funcionamento das instituições que ou se comprove os fatos ou se coloque uma pedra definitiva em cima dos pseudofatos.Quando o avião do ex-presidente Castelo Branco foi atingido por um outro de treinamento da FAB, matando-o, desconfiou-se de que ali havia complô; o mesmo se deu com as mortes de Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda, todas oriundas da possível queima de arquivo promovida pelos gestores do regime militar instaurado em 1964. 

 Cabe à oposição maior competência para ganhar a próxima eleição presidencial.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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