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Quando não há mais o que fazer
segunda-feira, 01 de setembro de 2014
As profissões que lidam com a saúde do ser humano, seja ela saúde física ou mental, sofrem enormes pressões por bons resultados. Todos esperam que aquela cirurgia plástica corrija um defeito físico provocado por algum acidente, que a cirurgia para redução de peso apresente logo um corpo novo, livre daqueles quilos em excesso, que o tratamento odontológico permita que o sorriso de um parente volte a ser bonito e funcional, e que o tratamento com o psicólogo tire uma pessoa amiga da mais intensa depressão. Quando falamos na colocação de próteses no corpo de um parente, logo imaginamos que aquela cirurgia vai devolver totalmente a capacidade física prejudicada pelo desgaste da idade ou por algum acidente.
A nossa tendência é sempre esperar resultados perfeitos. Os próprios profissionais das áreas da saúde também se cobram muito por melhores resultados. Com muita frequência, ouço de colegas médicos e dentistas, assim com de fisioterapeutas e outros, comentários de que o resultado disto ou daquilo poderia ter sido mais completo, e por não terem alcançado o que esperavam, se sentem insatisfeitos. Mas, dentro dos limites que existem para tudo e todos, fazem o melhor que podem. Contudo, surgem situações, todos os dias, que colocam o ser humano contra a parede. Os exemplos estão aí bem na nossa frente, basta olhar a nossa volta.
Um dos casos que mais me impressionou, entre tantos que assisto na minha profissão, foi o que se passou alguns anos atrás nos Estados Unidos, com uma jovem mulher em estado prolongado de coma, que era motivo de disputa entre os seus pais e o seu marido. Este último pedia que a Justiça mandasse o hospital desligar os aparelhos que mantinham a mulher viva, e os pais pediam o contrário, alegando a existência de muitos casos parecidos nos quais o indivíduo em coma havia se recuperado. Ao fim de anos de espera, a Justiça, depois de ouvir depoimentos de grandes especialistas, decidiu a favor do marido, e os aparelhos foram desligados. Dias depois, a jovem mulher morreu. Lembro-me que na ocasião escrevi um artigo a respeito, que terminava com uma frase em que eu dizia para aquela mulher segurar na mão de Deus e ir...
Todos os dias, as famílias e os médicos se perguntam: o que mais podemos fazer por esta ou aquela pessoa? São aquelas situações terminais nas quais a medicina nada mais tem a oferecer que possa melhorar ou curar uma pessoa. É o caso de idosos que chegam ao limite de suas vidas, doentes de câncer ou de outras doenças para as quais ainda não temos cura. Nestes casos, o melhor que podemos oferecer para estas pessoas são os chamados cuidados paliativos. Uma área de trabalho médico que vem crescendo e que visa a minorar os sofrimentos sem querer prolongar a existência, aliviar as dores enquanto se espera que a natureza siga seu caminho e aquela vida termine da forma menos dolorosa possível.
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Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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