Mulher rural, parabéns e boa sorte!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Há cerca de dois meses, recebi  uma visita em meu consultório de uma senhora muito educada e simpática, dona Vera Brito, que vinha me convidar para participar de um encontro da mulher rural, a ser realizado no Hotel Bucsky, em 14 de agosto deste ano. Achei muito interessante a possibilidade de participar de um evento daquele tipo, pois sempre fui um simpatizante do povo rural, de suas lutas e da tremenda importância de seu trabalho para a sobrevivência de todos nós. Em todo o planeta, é graças ao trabalho de pessoas do meio rural que a humanidade sobrevive. Nós, gente da cidade, que vamos ao mercado ou à feira livre, e lá, cercados de relativo conforto e abrigados do frio e do sol forte, escolhemos com cuidado os produtos que desejamos levar para casa e deixamos de lado aqueles que apresentem um mínimo defeito na sua aparência ou consistência, não temos a menor ideia do trabalho duro daquelas pessoas, que antes mesmo do sol raiar partem para as plantações e lá, em meio ao frio da madrugada, começam a colher seus produtos que serão transportados para os locais onde serão vendidos e que irão alimentar adultos e crianças. No dia marcado, lá compareci e tive o cuidado de desmarcar com muita antecedência os meus compromissos daquela data para poder ficar completamente disponível e conviver sem pressa com a boa gente da lavoura.

Lá chegando, fui recebido com muito carinho por dona Lena, mãe do prefeito Rogério Cabral (que também esteve presente no encontro), senhora que eu já conhecia havia um bom tempo. Iniciado o encontro, as coisas foram acontecendo de uma forma muito singela e agradável, com muita descontração e alegria por parte daquela boa gente. Durante todo o dia, pois cheguei pela manhã e só me retirei ao fim da tarde, tomei conhecimento das lutas da comunidade rural por seus direitos, um dos quais é a sua merecida aposentadoria, muitas vezes difícil de comprovar junto ao INSS.

Suas grandes preocupações em relação ao contato com os venenos utilizados nas plantações, que sem os quais, segundo me disseram, é impossível se conseguir uma quantidade de colheita suficiente para compensar seu trabalho e também alimentar as populações que dependem daqueles alimentos.

Ouvi relatos a respeito de parentes e vizinhos que faleceram ou adoeceram de modo grave, sem condições de continuar trabalhando para sustentar suas famílias, por causa do contato diário durante muitos anos com os pesticidas que eram obrigados a usar nas suas plantações. Fiquei muito feliz por ter encontrado entre aquela gente um grande número de amigas, que me abraçaram com sinceridade. Problemas, como os casos de câncer de pele devido à exposição frequente ao sol todos os dias, durante muitos anos, foram relatados pelas participantes. Mortes por causa de doenças do fígado devido ao contato com os venenos usados na lavoura também foram relatadas. Foi um dia proveitoso, em que muitas lições ficaram para todos nós a respeito do que deveremos modificar na vida daquelas pessoas para sua proteção e para preservar a saúde dos que consomem os produtos cultivados por eles. Deixo aqui uma mensagem de otimismo para as mulheres rurais, vocês são vencedoras em todos os sentidos. Prossigam em suas lutas, muito justas por sinal. Parabéns e boa sorte!


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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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