Rinhas de galo e rinhas de homens

segunda-feira, 09 de junho de 2014

Em tempos passados, muito tempo mesmo, os locais destinados a sediar as lutas ou batalhas entre gladiadores ou lutadores de diversos tipos eram chamados de arenas. O final destas causavam a morte depois de muitos dias de sofrimento. Poucos deles sobreviviam a alguns meses ou no máximo a um ou dois anos naquela vida. O tempo, como sempre, foi seguindo seu ritmo e as arenas acabaram por ser chamadas de estádios, do latim estadium ou gimnasium, mas com finalidade diferente das arenas. Enquanto estas sediavam lutas de morte, os estádios eram destinados a competições esportivas nas quais ninguém morria e o que valia era vencer os concorrentes, ser o primeiro colocado. E até bem pouco tempo, continuávamos falando em estádios de futebol e ginásios de basquete ou de vôlei. Longe de pensarmos em locais de combates mortais. Recentemente, por causa dos jogos da Copa do Mundo, que estão nos custando uma fortuna de dinheiro que, com toda certeza, seria bem melhor usado em escolas e hospitais ou no transporte público ou ainda na segurança pública, voltamos, por exigência da Fifa, a usar a palavra arena para designar nossos estádios de futebol. O cidadão brasileiro nos dias atuais quando convida um amigo ou seu filho para assistir um jogo de futebol, fala como os antigos romanos: vamos à arena. As leis brasileiras proíbem que se promova a luta de animais, galos e cães ou outros, pela sua crueldade, para servir de distração aos homens.  Sempre que descobertos estes locais são fechados e seus frequentadores, processados. No entanto, por incrível que pareça, combates entre seres humanos, mulheres e homens, são permitidos e legalizados. Lutas de boxe e lutas livres onde vale tudo são aclamados pelos meios de comunicação que não dão a menor importância para a semelhança que existe entre estas brigas e aquelas das rinhas de cães e galos. Estas lutas rendem fortunas para muita gente. Me interessei pelo assunto desta coluna ao ler uma reportagem a respeito do famoso lutador de boxe Eder Jofre, brasileiro que foi campeão mundial dos pesos pena, agora aos setenta e oito anos de idade sofrendo de uma doença neurológica diagnosticada como encefalopatia crônica traumática, ou seja, traduzindo em bom português, o cérebro dele se estragou de tanto levar pancadas violentas. Centenas de pessoas em todo o mundo passam por isto ao lutar seguidas vezes, levam socos e pontapés, chutes em todas as partes do corpo para diversão de milhares de espectadores. É certo que ganham um bom dinheiro por estas lutas, mas o preço que pagam é gigantesco. Muita gente pergunta se rinhas de galo são ilegais. Por que as rinhas de gente são permitidas?   


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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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