Observatório - 24/05/2014

A vida nos prega peças difíceis de entender. A compreensão é uma obrigação de quem tem o livre arbítrio. Seguir em frente é preciso. 

Coisas ruins também acontecem às pessoas boas. Lição cada vez mais frequente à medida em que vivemos e vivenciamos a vida. A vida tem desses episódios... Surpreender, causar agito quando menos esperamos. Aí, planos caem por terra, certezas escapolem de nossas mãos com tamanha facilidade, exatamente na contramão das dificuldades que se teve para conquistar ou sonhar o que se quis. 

Sonho bom é essa realidade do agora que nos permite pescar a poesia que faz morada em cada hora. A vida é um instante que não retrocede e nem permite extensões em que se pode dividir para se curtir depois. O instante se faz nesse momento e, se desatento, simplesmente se perde. Não dá para economizar, guardar debaixo do colchão, conservar como se fosse um patrimônio desses que se preserva para a posterioridade. Instantes não se deixam de herança, nem como segurança para o futuro. Viver é para agora! Dizer o que se tem vontade agora. É um grande risco deixar para mais tarde.

A vida nos prega peças sem avisar ou dar indícios. Quer você esteja preparado ou não, os ventos trazem correspondências das quais não podemos distinguir exatamente o que podem significar. Podem ser de paz, podem ser de guerra. Podem dizer nada ou podem mudar tudo, fazer bagunça. Mas é preciso ser forte! A necessidade faz com que você seja quem você nunca soube o que poderia ser: alguém de fé, fortaleza, incansável na batalha para viver mais do que sobreviver. É possível recomeçar! É preciso recomeçar.

Ninguém poderá garantir que o amanhã virá, mas você confia e vai. Vai se esforçar para estar aqui e ver o sol majestoso te abençoar por quão majestoso é o seu coração, que insiste em comprimir e exprimir só para ver o fruto brotar e seus filhos nascerem. 

A intuição é firme em dizer: vai dar tudo certo! Depois, riremos com a divina graça de quem se permite e admite se assustar, pois isso é humano. A mais humana de todas as coisas: rir de suas desgraças, que na verdade são bênçãos que nos tornam mais fortes.

Encararemos problemas maiores que se tornarão menores perante aquilo que já foi vencido. Haverá de existir novos desafios, uma vez que a universidade da vida não nos permite parar. Graduaremos, graduaremos e graduaremos até o dia em que um anjo do céu descerá para nos dar o diploma que nos levará à eternidade. Enquanto mortais, aprenderemos. Enquanto aqui, ficaremos cada vez mais cientes que a vida nos prega peças complexas de se imaginar. E isso faz parte do evoluir.

Um passarinho bica o vidro da janela. Não entende que há uma matéria que o impede de passar para dentro. Não compreende que nenhum ser vivo tem o poder de transpassar o que quer que seja. Percebe, então, que o lado de fora é mais aconchegante — é o seu lar. Muitas vezes somos como o passarinho. Não entendemos qual o nosso lugar nisso tudo. Não compreendemos que tudo tem o seu tempo — e o que é nosso é garantido. É preciso perceber, então, que nosso poder vai além de nossa visão limitada do todo.

Juntar as mãos em oração é importante, mas mais válido ainda é unir o fragmento da alma que reside à direita ao fragmento da alma que mora à esquerda e saber que vai dar tudo certo dentro do espectro de nossa evolução.

Se a vida nos prega peças, é porque podemos suportá-las. Porque isso faz parte de nossa lição para receber o tal diploma. Não creia em destino pronto, mas saiba que alguns caminhos se colocarão sob os seus passos. Haverá de caminhar e, se preciso for, haverá de pedir colo em alguns trechos. Em outros, será tão sóbrio ao ponto de ter a capacidade de voar. Singular nos três é que em todos estará, igualmente, crescendo.