Observatório - 05/04/2014

sábado, 05 de abril de 2014

Hoje é dia de crônica

 

A voz da história

A missão de levar a notícia é árdua, mas prazerosa. Mais brilhante que escrever, contar e perpetuar a história é ser a própria história. Muitos jornais existiram, mas apenas um sobrevive. Talvez porque seja a voz daqueles que não têm letras, talvez porque seja o retrato daqueles que não têm rosto, talvez porque seja a testemunha daqueles que não têm vez, talvez porque... Talvez porque... E em tantos "talvez porque” concluímos que ser a voz da serra tem mais a ver com dar para propriamente ser.

Emprestar suas páginas a todo tipo de gente e destino. Estender suas letras a todo tipo de verdade e ponto de vista. Desdobrar suas fotos a todo tipo de cena e mito. Abrir espaço a todo tipo de história e lenda. Prestar serviço e atenção. Ter posicionamentos, mas, acima de tudo, credibilidade.

Não é qualquer veículo de comunicação que atinge a marca de quase sete décadas como A Voz da Serra atinge neste abril. Para tanto, é necessário ousadia, paciência, abnegação e união de muitos, a começar pela família. Família de sangue, família de amigos. Sem a família nada é possível, sem os amigos a existência é em vão. Isso pra gente mesmo, mas também para qualquer instituição. 

A marca não é ao acaso, mas pela causa. A sobrevivência não é pelos anos, mas pela batalha de cada dia. Cada dia uma história, cada página um registro para a biografia de um povo em constante transformação. E como parte do povo, também é preciso se transformar a todo instante. Como qualquer ser humano, a voz também muda, só que essa não cessa, não fica muda, não cala. Porque para contar as histórias é preciso renascer de tempo em tempo, para ser a história é preciso coragem a todo tempo. E como os desbravadores suíços, tormentas foram vencidas e tempestades foram apaziguadas e continuam sendo. Só que aqui, em vez de fuga, caça; em vez de foices, o cajado das palavras.

E inúmeros sonhadores se juntaram à essa garra Ventura e ganhando e perdendo ideais viram quedas e ascensões fantásticas, viram a chuva abençoar e castigar, choraram despedidas e chegadas, indignaram-se perante injustiças e crueldades, sorriram poesias e desenhos, viveram e morreram sonhos reais e apenas sonhos, mas acima de tudo viram e veem a história se construir por suas mãos, por suas palavras. Dizem que a "imprensa é a arte de dizer que João morreu a quem nunca soube que João existiu”. E quantos Joões A Voz da Serra fez reconhecer! Pois, para ser a voz da serra, é preciso ouvir a todos para ser a voz de todos, até das montanhas que vez em quando falam, tenham certeza disso! E se essa cidade é um vulcão, esse também entra em erupção aqui, nessas páginas cheias de lava e ideias.

Um jornal pode ser perecível como o tempo, virar embrulho de peixe, mas a partir do momento que se registra um fato, ele vira história e perpetua-se. As histórias de Nova Friburgo se perpetuam nas páginas já amareladas da 1ª edição de A Voz da Serra e continuam a se encontrar nas páginas coloridas de hoje.

Amanhã ou depois podem esquecer destas linhas que visam homenagear um reconhecido herói composto por vários heróis muitas das vezes desconhecidos, mas elas estarão lá, distribuídas entre as estrelas. As nuvens até podem escondê-las, mas elas sempre estarão lá. E se for dado um sopro, a poeira voa, as palavras soltam e as junções de pensamentos nem sempre elaborados com a impossível imparcialidade voltam para o devido reconhecimento do amanhã. E a história é esquecida, mas com um novo sopro é relembrada. Isso porque a história não é reescrita, pode até ser vista de uma maneira ou de outra, mas ela fica lá e lá está intacta para servir de ensinamento e como testemunha de um tempo que não voltará nunca mais! E A Voz da Serra permanece porque alguém precisa diariamente escrever as histórias e a história também precisa de um biógrafo.            

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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