Friburguense dá adeus à Taça Rio

quinta-feira, 27 de março de 2014

Foram três jogos seguidos no Estádio Eduardo Guinle, onde sete pontos foram conquistados: duas vitórias sobre o Resende e o Bonsucesso e um empate com a Cabofriense. No entanto, a impressão que ficou foi que nadamos, nadamos, nadamos e morremos na praia. Aliás, com a má vontade que a FFERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) sempre teve com Friburgo, sabia-se que o Friburguense teria de contar com o próprio esforço e a própria sorte. Essa, infelizmente, foi o que faltou ao Tricolor da Serra na derrota para o Boavista e no empate com o Macaé, que o deixaram na condição de não depender mais só dele mesmo.

Aliás, o Boa Vista, ao sagrar-se campeão da Taça Rio, expôs as mazelas de uma federação sempre sob suspeita, desde os tempos do folclórico presidente de codinome Caixa-d’Água e que continuam até os dias de hoje. Precisando de uma combinação de resultados, a vitória sobre o Bonsucesso e uma derrota ou empate do Boavista com o Bangu, o Friburguense fez a sua parte ao terminar o jogo com 2 a 1 a seu favor. Mas, como depender dos outros é a única coisa com que o time de Friburgo não pode contar, o título lhe escapou, numa prorrogação que só terminaria quando o Boavista marcasse o seu gol, o que aconteceu aos 48 minutos do segundo tempo, em Saquarema. Moral da história: Boavista campeão. Diga-se de passagem que o Bangu, time de coração de Rubens Lopes, presidente da FFERJ, não corria mais riscos de ser rebaixado e o Boavista é um daqueles times de interior sem história na competição, mas que garante os votos necessários a Rubinho para manter seu feudo à frente do falido futebol do Rio de Janeiro.

Pena, porque os esforçados e batalhadores jogadores do Friburguense mereciam melhor sorte, pois o título coroaria todo um trabalho difícil, além de proporcionar uma quantia de R$ 200.000,00 que seria dividida entre o plantel (esse dinheiro é o prêmio da federação destinado ao campeão da Taça Rio, que define o melhor time do interior, desde que não classificado para a final, como é o caso da Cabofriense).

Sem apoio da Prefeitura, contando apenas com um patrocinador de peso, o representante de Friburgo no campeonato estadual fica sem condições de voos mais altos. O que chama a atenção é que a Stam Metalúrgica S.A é a única empresa da cidade que acredita no potencial do Friburguense, mas, como no ditado popular, uma andorinha só não faz verão. Não é possível que o departamento de marketing da municipalidade não tenha percebido a importância que seria para a cidade um time que pudesse disputar a série D e, posteriormente, a série C do Campeonato Brasileiro. Seria uma maneira eficaz e efetiva de promover Nova Friburgo no resto do país, mostrar nossas potencialidades e atrair investimentos para uma cidade que precisa urgentemente de incentivos, seja monetários seja de ideias inovadoras, na tentativa de restituir a importância que o município já teve. Não é possível que o povo de Friburgo desconheça a sua história e não sinta saudades de uma terra que respirava cultura e progresso e tinha destaque no cenário estadual. É importante exigir do governo municipal uma atuação firme que nos devolva a autoestima perdida.

 Os tempos mudaram, são outros, mas a sagacidade de um povo está na capacidade de se adaptar aos novos tempos, enfrentar novos desafios e se manter no topo. Mal comparando, seria como se descobríssemos uma comunidade que, ao desconhecer o telégrafo, o telefone e, posteriormente, a internet, ainda se comunicasse com tambores e sinais de fumaça e achasse isso muito bom.


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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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