Colunas
Seja mais lógica com ele e talvez ele seja mais romântico com você
quinta-feira, 13 de março de 2014
As diferenças psicológicas entre homem e mulher geram dificuldades variadas na vida conjugal. Isto é normal. É normal cada um ser de um jeito. É fisiológico, ou seja, depende de hormônios, genética e do aprendizado também. Dentre estas diferenças, há a tendência masculina de ser racional e a feminina, de ser emocional. Como conciliar isso?
Se considerarmos que, na média, o homem funciona com preponderância do racional e a mulher, do emocional, parece incompatível haver harmonia numa vida a dois, não é? O que é funcionar no racional e o que é funcionar no emocional? Vamos ver exemplos.
Um homem ou uma mulher podem funcionar na sua casa, com os membros da família, de forma rígida, sem flexibilidade, com muitas regras e exigências. Podem ser perfeccionistas quanto à arrumação e limpeza, exigindo detalhes mínimos. Podem cobrar rendimento escolar de forma dura, não valorizando boas notas dos filhos, mas valorizando somente ótimas notas, ótimo ("perfeito”) comportamento. Algumas mães podem ser ótimas com seus filhos quanto aos cuidados médicos, educacionais, alimentação, higiene, mas podem ser bem limitadas quanto ao afeto, carinho, palavras amáveis e elogiadoras, sendo autoritárias e rudes. Ou um pai pode ser ótimo quando à administração financeira do lar, porém bem sofrível quanto ao comportamento afetivo para com os familiares. Isso é deixar que predomine o lado racional e seja sufocado o lado emocional no relacionamento familiar.
Por outro lado, um homem ou uma mulher podem funcionar com sua família com muita permissividade, liberalismo exagerado (deixam filhos adolescentes chegarem em casa a hora que querem, etc.), sem colocar limites "para não neurotizar”, sendo fracos em bom exemplo de disciplina, ordem e respeito aos limites. Ao mesmo tempo, podem ser afetivos na família, mas faltando o conteúdo racional que orienta para a vida. Isso é deixar que predomine o lado emocional no relacionamento familiar.
Uma das queixas mais comuns que as mulheres casadas fazem quanto ao casamento é que falta o romantismo do tempo de namoro e noivado. Pode faltar mesmo e algo precisa ser feito para melhorar o quadro, mesmo entendendo que no amadurecimento de um casal, a forma de viver o romance (o "amor”) muda.
E não é raro que mulheres muito emocionais (estou dizendo "muito emocionais”) tenham a tendência de viver meio que no "mundo da lua”, no idealismo romântico, e, assim, saem da realidade em que deveriam estar. Estas vivem numa expectativa exagerada de romance. O romance é importante no casamento, mas pode se tornar (ou permanecer) algo obsessivo, compulsivo, chato — e perturbar o relacionamento.
Mulheres podem desenvolver o pensamento de que só serão importantes, a vida só terá sentido, só terão valor como pessoa, etc., se for mantido um nível de romance bem alto, algo novelesco. Estas pessoas podem rejeitar atitudes racionais por parte do marido, como se tais atitudes fossem erradas, quando, na verdade, podem ser sadias e muito necessárias para uma vida equilibrada entre razão e emoção.
Esposas podem ser, por exemplo, descontroladas com o dinheiro, e ficarem irritadíssimas quando o marido, com toda a razão, faz comentários sobre os exageros das despesas e gastos. Elas podem olhar só para o lado romântico do relacionamento e crer (com ou sem sinceridade) que o marido não a ama porque faz tais comentários. A verdade nestes casos, entretanto, é que o marido ama, sim, e faz parte do amor falar verdades que podem ajudar o outro a consertar o que está ruim na conduta.
É verdade que muitos maridos falham ao não serem suficientemente românticos com suas esposas. Mas o foco nesta matéria, desta vez, é a mulher que exagera nas expectativas de romance e detesta a racionalidade, que no seu devido ponto, é fundamental para uma vida pessoal e conjugal equilibrada.
Pode ser muito difícil para um homem afetivo (eu disse "homem afetivo”) sentir desejo de ser romântico com uma esposa descontrolada nas economias, ou na aparência e higiene pessoal, no cuidado com os filhos e com a casa, e, principalmente, quando ela supervaloriza o romance (nas suas variadas facetas) e deprecia o lado racional ou lógico das coisas. Se este tipo de mulher aprender a importância e o valor do uso da razão em tantas coisas na vida familiar (e na vida dela com ela mesma), e lutar para se tornar mais lógica com o marido, aí sim, possivelmente ele será incentivado a ser mais romântico com ela.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário