Colunas
Um dia para comemorar
terça-feira, 11 de março de 2014
Um dia digno de comemoração esta segunda-feira passada, em que a prefeitura do Rio de Janeiro iniciou a vacinação de meninas na faixa etária de onze aos treze anos contra o vírus HPV, principal responsável pelo câncer do colo uterino. Esta campanha de vacinação, planejada pelo Ministério da Saúde, será estendida a todos os municípios brasileiros em uma próxima etapa. Anualmente, milhares de mulheres perdem suas vidas em nosso país devido ao HPV. Minúsculas lesões que se iniciam na superfície do colo do útero permitem a entrada deste vírus que, penetrando nas células daquele órgão, misturam seu DNA com o do hospedeiro, no caso a mulher infectada. Neste momento começa o crescimento de um tumor maligno, que se não diagnosticado em tempo, vai causar a morte da portadora, após um período de grande sofrimento. Em 99% dos casos de câncer do colo uterino está presente o HPV, o que por si só já basta para comprovar este vírus como o causador da doença. Do momento em que a mulher é contaminada até que a lesão se torne um câncer invasivo, podem decorrer oito longos anos. Um tempo bastante grande para que a mulher possa descobrir a doença por meio do exame anual com seu ginecologista, quando o mesmo realiza o teste de Papanicolaou, o popular exame preventivo.
Por incrível que pareça, a maioria das infecções por este vírus é passageira e se cura espontaneamente, sem que a mulher sequer desconfie que tenha sido contaminada. As pesquisas mostram que mulheres fumantes são um alvo fácil para desenvolver a doença, assim como portadoras de aids, devido ao seu estado de diminuição das defesas do corpo. Muitos especialistas definem o câncer do colo de útero como uma doença ligada à pobreza, devido às dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Na verdade, este exame simples, indolor e barato é a mais eficiente forma de se descobrir logo no início a presença da doença, pois o HPV deixa marcas de sua passagem pelo colo do útero. Sinais da doença podem ser percebidos pela própria mulher, como sangramentos depois das relações, corrimentos vaginais com cheiro desagradável e de cor sanguinolenta. Sangramentos após a menopausa também podem ser um sinal da doença.
Se não descoberta a tempo, a doença vai invadir a bexiga e o intestino, o que torna o prognóstico muito ruim para a paciente. Como em muitas outras doenças que agridem a humanidade — tuberculose, difteria, paralisia infantil e o tétano, por exemplo —, a vacinação contra o vírus HPV que vamos iniciar virá como uma bênção para as jovens brasileiras.
Vocês, mães, avós, tias e professoras, informem suas alunas e as estimulem a buscar a vacina nos postos de saúde, tão logo a mesma esteja disponível.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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