Colunas
Devemos aplaudir - e não criticar - as boas iniciativas
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
"Estado cria 24 escolas de ensino médio integral, até com aula bilíngue, mas críticos veem elitização”. Esse subtítulo encontrei numa matéria do jornal O Globo de quinta feira, 20, e pasmem: a crítica vem do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), aquele órgão que deveria aplaudir e cobrar que o estado acelerasse esse programa. De acordo com o secretário de Educação do estado do Rio de Janeiro, Wilson Risolia, a proposta é de que haja uma universalização até 2021, pois atualmente o projeto só atinge 1% dos alunos.
Talvez o Sepe siga a linha radical do socialismo intransigente, em que todos têm direito aos mesmos benefícios. Em princípio, isso é o desejável, escopo maior da democracia, mas sabemos não ser factível porque existem alunos mais capazes e outros nem tanto. Se não fosse assim, não teríamos os gênios e não haveria classificação, pois todos estariam no mesmo nível, o que não é a realidade nem nos países de primeiro mundo. Assim, alunos com uma capacidade maior de aprendizado devem participar de programas que exijam mais do intelecto do que outros de menor capacidade. Aliás, esses não conseguiriam seguir um programa mais intensivo e acabariam prejudicando os outros.
De acordo com a matéria de O Globo, o coordenador do Sepe, Alex Tirentino, falou: "A consequência é que são criadas escolas pretensamente de elite, melhores que as outras, com mais investimento, o que é exatamente o contrário do conceito de uma educação que deveria ser igual para todos. Brigamos para que se invista nas escolas que são mais carentes. E por mais que se diga que a iniciativa privada não faça a gestão da escola, sempre há interferência”.
A palavra elite é chegada, como a Bíblia, a várias interpretações, pois o conceito de escola de elite não significa necessariamente que os seus componentes sejam ricos. Aqui, elite seria sinônimo de maior capacidade, maior poder de assimilação. E em qualquer lugar sério, os alunos mais capazes recebem um tratamento diferencial, já que eles podem representar um futuro mais promissor para o país, pois formam uma mão de obra mais qualificada.
As escolas mais carentes necessitam de apoio incondicional das autoridades e as mesmas parcerias das escolas médias integrais poderiam ser tentadas. No entanto, isso não invalida nem deveria ser motivo de críticas a um programa que começou em 2008, está em fase de crescimento e já dá frutos, pois o Colégio Estadual José Leite Lopes, na Tijuca e o Colégio Comendador Valentim dos Santos Diniz, de São Gonçalo, foram, respectivamente, o primeiro e terceiro colocados no Enem de 2012 entre as escolas públicas.
Essas parcerias podem se dar com as embaixadas. França e Espanha já se integraram ao programa, condados como o de Prince George, estado de Maryland, nos Estados Unidos, também. Além disso, empresas como a Oi, que patrocina o colégio da Tijuca, e o Grupo Pão de Açúcar, que dá suporte ao colégio de São Gonçalo, também participam. Isso é muito bom, porque para 2015 está prevista uma escola bilíngue em Mandarim, aproveitando a expansão da influência chinesa nos países ocidentais.
É inegável que o ensino integrado e com maior carga horária aumenta o desempenho dos alunos. Além disso, em determinadas áreas da cidade, manter crianças e adolescentes ocupados por mais tempo é uma maneira eficaz de afastá-los do aliciamento do tráfico. Outro ponto positivo é que essas escolas se preocupam também com o ensino profissionalizante, qualificando alunos do ensino médio para o mercado de trabalho, cada vez mais seletivo.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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