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Imagina na Copa
quarta-feira, 05 de fevereiro de 2014
A copa do mundo de futebol, no Brasil, começa daqui a 129 dias e o que vi nos dois aeroportos mais importantes do país, o do Rio de Janeiro e o de Brasília, na última quinta-feira é de desanimar, de chorar mesmo. Fui obrigado a viajar às pressas para a capital federal, pois meu filho mais velho foi operado de urgência para a retirada da vesícula, por causa de dois cálculos bem grandes.
No velho Galeão as obras não terminam nunca e, talvez, como ocorreu no Maracanã, fosse mais barato construir um novo do que remendar mal e porcamente o atual. Mesmo com meu voo marcado para as seis e quarenta da tarde, o calor estava insuportável. Na sala de embarque, apenas um ar-condicionado lutava bravamente para espantar o ar quente e o trajeto desse local até o avião mais quente ainda, pois as pontes não são refrigeradas e, após um dia inteiro expostas ao sol, cobravam um preço alto aos desavisados passageiros. Aliás, como estamos em ano eleitoral, principalmente para presidente, o fluxo de prefeitos e vereadores a Brasília na tentativa de trocar votos por benesses do candidato à reeleição faz com que seja quase impossível achar um lugar nos voos. Ainda mais que, com o trânsito infernal provocado pelas obras no Rio, horários muito cedo são impossíveis até para os cariocas; imagina para quem mora afastado da capital fluminense, eles são quase impossíveis.
Após uma hora e meia de viagem, chega-se ao aeroporto Juscelino Kubistchek, em Brasília, também com trabalhos de ampliação e modernização. Com isso, a área de desembarque foi diminuída e uma esteira de restituição de bagagens serve a pelo menos quatro aeronaves, de maneira simultânea. Nas horas de pico isso é um horror; ao stress da possibilidade de extravio de nossas malas segue-se o stress da longa espera até vislumbrarmos ao longe nossas valises tão cobiçadas. Não é preciso dizer que o calor lá também é um complicador a mais, pois, com obras, adeus ar refrigerado.
A sorte é que na capital do país o clima é muito semelhante ao de um deserto, com temperaturas altas durante o dia, mas caindo bastante durante a noite. Como a Copa começa em junho, a seguinte pergunta fica no ar e que não quer calar: qual a imagem que passaremos aos turistas estrangeiros que se aventurarem a vir ao Brasil? Aliás, a maioria dos ingressos vendidos até agora foi para brasileiros, já acostumados a esse triste espetáculo de incompetência demonstrado pelos responsáveis pela infraestrutura da competição. Estádios de cidades-chave, inclusive o de São Paulo, onde se dará o jogo de abertura, atrasados; obras de infraestrutura inexistentes ou sem dia para serem entregues; acesso aos estádios sem melhorias para bem servir aos torcedores e aeroportos, que, com certeza, não darão conta do recado.
Consegui chegar ao hospital onde meu filho foi operado às dez da noite e só pude visitá-lo porque o responsável pela segurança do andar ouviu a minha história e não criou obstáculos à minha entrada. Felizmente tudo correu bem e ele teve alta no dia seguinte.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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