Colunas
Da memória à prece
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Caros amigos, três anos se passaram desde a tragédia que assolou a região serrana do Rio de Janeiro. Não poderia relegar ao esquecimento aquela data que mudou definitivamente a trajetória de tantos irmãos e a minha própria. No entanto, a recordação, para que seja frutuosa, deve ser levada também à presença de Deus, em forma de oração.
Nos tristes idos de janeiro de 2011, quando nossa cidade parecia liquefazer-se e não sabíamos para onde correr ou a quem ajudar primeiro, Deus permaneceu fiel ao seu povo. Como recorda o Salmo 46, "mesmo que as águas do mar estrondem e fervam, e por sua fúria estremeçam os montes. O Senhor dos Exércitos está conosco, nossa fortaleza é o Deus de Jacó!” (v4).
Deus estava conosco quando os mais de 1000 voluntários se apresentaram no Colégio Nossa Senhora das Dores e as doações que chegavam de todo o Brasil. Nosso Senhor padecia na dor e no sofrimento dos que choravam seus mortos, dos acidentados, dos adoecidos, dos que haviam perdido tudo. Quantos dos leitores desta coluna não teriam uma história para contar? E, em todas elas, estava presente o Senhor: tanto nos que socorriam, como nos que padeciam.
A presença discreta de Deus acompanhou seu rebanho quando começaram a aparecer as manchetes de jornais que denunciavam os assuntos mal resolvidos relacionados às verbas públicas destinadas à reconstrução da Região Serrana: as promessas não cumpridas de casas populares e indenizações aos atingidos, os aluguéis sociais desaparecidos. Quem se lembra dos políticos e partidos envolvidos? O tempo se encarrega de levar ao esquecimento tantas destas questões. Mas Deus não se esquece de nós.
O coração do discípulo sabe a verdade de Deus permanece sempre, Ele é finalidade última de todos os anseios de nossa alma. Mas, qual o fruto de nossa oração? O que ainda podemos fazer para curar tantas e persistentes feridas?
Este ano de 2014, ano de eleições, deve ser um estímulo para trazermos à mente todos àqueles dias como verdadeiro tributo aos que perderam suas vidas e aos que ainda sofrem as consequências do ocorrido. Convido, a todo o nosso povo que faça um especial esforço de memória. Os modernos meios de comunicação são uma preciosa ferramenta para esta tarefa.
Sei que gostaríamos de esquecer definitivamente as imagens da tragédia. Entretanto, o recente incremento das obras que deveriam ter acontecido ao longo desses três anos, o abandono dos que não receberam as ajudas prometidas e a própria consciência cristã reclamam de nós uma resposta nas urnas.

Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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