Solidão, má conselheira

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A necessidade de companhia é uma das características marcantes do ser humano, apesar de também estar presente em outras espécies animais. Com raras exceções, ninguém gosta de ficar só. Os momentos importantes da vida são sempre desfrutados em família, com o grupo de velhos amigos, com a turma do jardim de infância, com os irmãos da igreja e por aí em diante. Pessoas que por diferentes motivos não conseguem se agregar em algum grupo sofrem a falta do grupo humano à sua volta. Exemplo disto são os acontecimentos que ocorrem nas épocas de final de ano, natal e ano-novo. As grandes crises depressivas, as internações em clinicas psiquiátricas, as ocorrências em pronto-socorros, de gente atendida por intoxicações por álcool ou outras drogas, tentando fugir da solidão. Durante as épocas normais conseguem ir levando com a barriga, como se diz, mas no fim de ano é tremendamente dolorosa esta vivência da solidão. Conheço muita gente que, por esta razão, quando chega o fim do ano e mesmo em outros tempos, se socorre nas igrejas. Vão de uma a outra, porque lá dentro sabem que existe muito calor humano. Pulando de um polo ao outro, transferindo nosso raciocínio para as relações mais íntimas, é esta mesma busca por companhia, na verdade uma busca por preencher um enorme vazio que se forma na vida destas pessoas. Mas infelizmente muitas não conseguem "acertar” na sua escolha, e vivem saltando de relação em relação, e quando não dá certo se perguntam por que isto acontece consigo. Por mais que a família e os amigos íntimos tentem, é difícil conseguir fazer com que a pessoa entenda que o problema pode estar nela própria e não nos parceiros que ela escolhe e nos quais põe a culpa. Dizem alguns estudiosos do comportamento humano, que a solidão é uma coisa mais feminina, que atinge menos os homens. Particularmente não concordo com esta teoria. Creio que os homens demonstram menos o seu sofrimento. Quem procura por companhia pode estar colocando em outra pessoa uma responsabilidade enorme, para a qual ela não esta preparada ou não tem a capacidade de corresponder, por também ser apenas um ser humano com todas as suas qualidades e defeitos. Por estas razões, muita gente está vivendo mal por aí. Dizem que o ouvido é a parte mais sensível de muitos homens e mulheres e por isto quando encontram alguém que diz o que querem ouvir, caem numa armadilha. Se você, mulher ou homem, se identifica com estas situações, o melhor a fazer é primeiro ouvir a família e os amigos verdadeiros. Se for preciso busque também ajuda profissional de um terapeuta. Sair de uma situação destas sozinho é muito difícil, porque a pessoa esta tão envolvida que não consegue enxergar o que acontece.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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