Colunas
Observatório - 18/01/2014
sábado, 18 de janeiro de 2014

Hoje é dia de crônica
Onde dormem as estrelas
Eu quis ir. Eu não quis mais ficar por ficar! Ir para qualquer lugar, para a eternidade, além do horizonte, para muito além de onde dormem as estrelas, sei lá... Onde dormem as estrelas? Afinal, será mesmo que amar é o que faz tudo ser ou parecer suficiente?
Nunca gostei do suficiente! Sempre quis mais, mas agora só quero a simplicidade simplista do colo que conforta e pouco amedronta por ser finito. Disseram-me que o infinito se faz no finito de cada instante. Eternidade é então uma infinidade de finitos reunidos. O suficiente me basta e é o meu sonho que essa nostalgia pudesse ser realidade de novo, acima das saudades que cultivo e me marejam os olhos.
Ir. Ficar. Voltar só nas lembranças que preenchem minha alma. Seria a alma composta dessas urgentes lembranças de momentos tão únicos? Seria a vida essa aglomeração perfilada de amores com suas dores e suas dores repletas de amor?
Quanto mais perco, mais forte fico. Quanto mais perco mais percebo o quanto ganhei. Ganhei coração sensível que voa como uma águia e observa mais detalhadamente os olhos que passeiam cheios de esperança pelo nada ou pelo tudo. Tudo é o olhar que se posta à frente cheio de céus que abrigam todo o imenso universo.
O imensurável universo cabe no brilho de um olhar. E sei que quando esse olhar se apaga vira o universo e se eterniza no brilho dos olhares que continuam a saga.
A vida é assim... Essa extensão de cada um no outro. A vida é essa união de afetos que nos transformam e nos permitem dons que nos fazem evoluir. A vida é permissão que nos concedemos ou não! E não existe vida perfeita. As cobranças surgem na proporção de nossas angústias! Mas há sonhos a sonhar mais do que tarefas a cumprir. Há também o tempo!
Faminto tempo que voraz faz a sua caça, enquanto caçados — fugimos indo ao seu encontro. Sempre queremos mais tempo para a gente mesmo e para os que sustentam nossos motivos e orgulhos de existir. A existência é mesmo perecível sem prazo de validade determinado. Ainda que indeterminado, estamos falando de tempo. Tudo é tempo. Todo é o que fazemos do tempo. Aquilo que não se faz gera arrependimento. É preciso mais do que a intenção, ainda que através da intenção se germine a semente. Que fruto dará as nossas sementes? O que colheremos?
Lágrimas existirão costuradas a sorrisos. Tristezas surgirão após a curva que se faz na tortuosa linha da felicidade. Merecemos tortuosas linhas nessa estrada. A viagem está em velocidade máxima. É preciso percorrer o caminho. Nem sempre dá para ver os desenhos que as nuvens fazem no céu. Escolhas.
Escolheremos entre situações, entre tempos e as escolhas levarão ainda às escolhas de forma. A forma em que realizamos e abdicamos para sermos, enfim, como gota d’água que evapora no sol de verão.
Silêncio! Fala baixo... As estrelas, até as estrelas dormem. Vem velar o sono delas nesse imenso lençol azul que se estende para o infinito. Deixa para dormir depois e aproveita o tempo em que está acordado. Amanhã ou depois, mais cedo ou mais tarde, como as estrelas, todos dormirão e se tornarão imperecíveis. Esse é o único modo de deixar de ser perecível para ser vizinho das estrelas.

No arroz com feijão, esse mineiro de Carangola há algumas décadas conquista friburguenses com seu bom humor e simpatia. César tem uma vida quase inteira em Nova Friburgo. Já foi goleiro de futsal — e, garantem alguns, um bom goleiro. Desde os anos 80, comanda um dos restaurantes mais famosos da cidade, o Arroz com Feijão. Muito querido pelos universitários, César é um homem de paixões. Além da família e do trabalho, o esporte. Apoia muita gente e dá também aquela força para o Friburguense. Torcedor fanático do Fluminense, também torce para o América-MG, mas não deixa de ver um jogo do Frizão.

Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário