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O futebol carioca está de luto
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Há exatos doze meses escrevi um artigo que exaltava a conquista do campeonato brasileiro de 2012 pelo Fluminense. Mesmo não sendo tricolor eu rendia homenagens à conquista inquestionável do time das Laranjeiras. Portanto é com tristeza que vejo, num fato inédito, o campeão do ano ser rebaixado sem dó nem piedade no ano seguinte. Solidário com ele o Vasco da Gama também foi rebaixado, e por incrível que parece num fato também inédito. A atual diretoria teve a façanha de ver seu time amargar duas vezes a segunda divisão num mesmo mandato.
Creio que é o momento para deixar as paixões de lado e fazer um estudo profundo do que está acontecendo com o futebol do Rio de Janeiro. O Fluminense possuía, em tese, o melhor plantel entre os times cariocas e nadava em dinheiro, trazido por seu patrocinador milionário, a Unimed-Rio. Mas, numa prova evidente de que dinheiro por si só não traz felicidade, que quem detém o poder financeiro não é o dono da verdade, Celso Barros com seus mandos e desmandos em nada contribuiu para que o poder financeiro colhesse os méritos desejados. Tanto isso é verdade que o Cruzeiro campeão da atual temporada, o Grêmio, o Atlético Paranaense e o Botafogo, respectivamente 2º, 3º e 4º colocados, têm um plantel muito mais barato e um orçamento muito mais modesto.
Quanto ao Vasco da Gama, não aprendeu a lição e trocou meia dúzia por seis, pois ao substituir Eurico Miranda por Roberto Dinamite não contribuiu em nada para varrer a inépcia e a má gestão para bem longe. Um plantel medíocre que conseguiu em seu último jogo, ser goleado por 5 a 1, quando só a vitória o salvaria da segundona. Aliás, a guilhotina que foi aposentada na França no dia 10 de outubro de 1981 voltou a funcionar no Rio de Janeiro, no dia 8 de novembro de 2013, com a degola de dois dos times de maior torcida da capital do estado.
Aos torcedores de ambos os times só resta lamentar e levantar a cabeça para no ano que vem torcerem para que seus clubes do coração voltem à elite. Antes, porém, cobrem de seus dirigentes e dos sócios que os elegem seriedade e respeito com as tradições de seus clubes, com o que eles representam ou representaram na história do futebol verde e amarelo. Que se isolem de vez os torcedores profissionais, verdadeiros bandidos, como aqueles que proporcionaram ao Brasil e ao mundo inteiro as cenas de selvageria explícita no estádio Arena de Joinville. Que as federações, inclusive a CBF, deixem de ser cabide de emprego e de enriquecimento de dirigentes que estão muito mais preocupados com eles próprios do que com o crescimento e desenvolvimento dos clubes brasileiros, na realidade os donos do espetáculo.
Não é possível que o futebol europeu, mesmo levando-se em consideração a valorização do Euro, produza times como Barcelona, Real Madri, Bayern de Munique, Juventus de Milão, Milan, que esbanjam solidez, em detrimento de um Atlético Mineiro, Botafogo, Cruzeiro, Corinthias, Flamengo, e outros grandes clubes brasileiros, sempre de pires na mão.
Já senti na carne o que é ver seu time de coração ser rebaixado, por isso me solidarizo com os torcedores de Fluminense e Vasco da Gama. Daqui da França avalio a tristeza que ontem deve ter invadido o coração dos meus amigos tricolores e vascaínos.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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