Vontade política – Você só usa o cérebro de réptil?

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Muitos confundem "vontade” com "desejo”. Quando se diz, por exemplo: "Ah! Que vontade de tomar um sorvete!”, está claro que aí "vontade” quer dizer "desejo”, uma "sensação”, bem diferente de "necessidade” e do que veremos quanto ao significado correto de "vontade”. Qual a diferença entre "vontade” e "desejo”? E o que isto tem que ver com "política”?

Primeiro vamos definir "vontade”, "desejo” e "política”. Vontade é o mesmo que intencionalidade, "é a capacidade através da qual tomamos posição frente ao que nos aparece.” (pt.wikipedia.org/wiki/Vontade).Vontade é "capacidade de uma pessoa agir com intencionalidade definida” (www.dicio.com.br/vontade).

Desejo é, pela metafísica, "um tipo de sentimento. Isso significa que ele faz parte do sujeito, agente ou pessoa, sem fazer parte do mundo, a não ser na medida em que a pessoa faz parte do mundo” (pt.wikipedia.org/wiki/Desejo).

Política é "a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados” (pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica). Outra definição de política (sadia) é: arte de governar bem os povos. Eu disse governar bem, no caso da política sadia, séria, que realmente ajuda a população.

A vontade não depende do sentimento, portanto, ela não é o desejo ou não deveria ser dominada pelo desejo, mas sim pelo bom senso, pela necessidade real de uma pessoa, comunidade, município, estado, país. Uma palavra técnica para "vontade” é "volição”."Volição (do latim volitione) é o processo cognitivo pelo qual um indivíduo se decide a praticar uma ação em particular. É … um esforço deliberado e é uma das principais funções psicológicas humanas (sendo as outras afeto, motivação e cognição). … ‘Força de vontade’ é a expressão coloquial e volição é o termo científico para um mesmo estado mental, ou seja, uma "preferência eletiva” (pt.wikipedia.org/wiki/Volição).

Então, veja que "volição”, "vontade” ou "força de vontade” não depende de como a pessoa se sente ou do desejo dela, mas tem que ver com uma "preferência eletiva”, ou seja, você escolhe fazer isto ou aquilo. Tem que ver com decisão racional, consciente, cognitiva.

Então, vontade política sadia é a capacidade e a atitude do líder político, tomada conscientemente, racionalmente, usando a força de vontade e não o desejo, para o que é o melhor bem para a comunidade onde ele/ela exerce papel de liderança e poder social.

Se a maioria dos políticos do Brasil tivesse e exercesse a vontade política positiva, ética, coerente, o povo teria muito menos sofrimento e o Brasil estaria no primeiro mundo entre as nações. A vida do povo se tornaria menos difícil, mais confortável. Os líderes estariam praticando a vontade (decisão, escolha) com política correta (governando bem os povos), em vez de seguir seus desejos imaturos, egocêntricos e perversos.

Neste último fim de semana participei do Seminário "Neurociências e Fé” na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Uma das brilhantes palestras foi apresentada pelo professor emérito de neurocirurgia da Faculdade de Medicina da USP, Prof. Dr. Raul Marino Jr., autor de livros como "Ensaio sobre o amor”, "A religião do cérebro”, etc. Ele explicou sobre os três cérebros que possuímos em nosso cérebro total: (1) cérebro de réptil (que não raciocina) – tronco cerebral, (2) cérebro dos mamíferos inferiores (psicocérebro) – sistema límbico, (3) cérebro dos mamíferos superiores (que raciocina, decide, escolhe) – neocórtex. De passagem, ele comentou que uma boa parte do "pessoal de Brasília” usa só o cérebro de réptil. Naqueles falta a vontade política no sentido de dominar os desejos corruptos, escolher usar a força de vontade para decidir praticar coisas boas para o alívio do sofrimento da população. 

Claro, os líderes dos poderes judiciário, legislativo e executivo do país inteiro que só usam o cérebro reptiliano pensam sim, só em si mesmos. Olhando a panorâmica geral de nosso país, parece que a doença do caráter sobrepuja a sanidade espiritual. Parece que a força do mal é mais forte do que a do bem. Será? Ou é só aparência da vitória do mal? Quando Jesus Cristo foi crucificado, morrendo na cruz, após julgamento corrupto e injusto feito pelos perversos religiosos políticos judeus, apoiados pelo condescendente e fraco juiz romano, Ele perdeu ou ganhou? Você perde ou ganha ao se deixar levar pelo cérebro de réptil corrupto em sua vida pessoal e profissional? Alto padrão material de vida não é o mesmo que boa qualidade de vida. Se você não consegue ter paz interior e serenidade pela culpa verdadeira fruto de seus atos corruptos, é porque você tem sido dominado pelo seu cérebro reptiliano disfuncional. Não é uma tristeza para você e para o povo, pelo sofrimento desnecessário que a corrupção produz ao você se deixar levar por ela? Consegue entender o real benefício para você, corrupto, e para muita gente, se você decidir usar o neocórtex para o bem? Puxa! Como será bom para todos! Você pode fazer a boa escolha se realmente usar o cérebro dos mamíferos superiores, iluminado e guiado pelo Bem. 

 


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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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