Assim caminha a humanidade

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os jovens estudantes , quando conversam a respeito do passado de sua futura profissão, acham graça e até mesmo dão gargalhadas a respeito das formas de tratamento que eram utilizadas e também das condutas dos nossos velhos e extintos colegas. Quando ainda não existia a profissão, como ela é nos dias atuais, erguida sobre uma estrutura de conhecimentos e descobertas científicas públicas, ou seja, a que todos possam ter acesso, e desta forma ser realmente aceita pela comunidade acadêmica, cada um daqueles que praticavam as artes curativas tinha sua própria maneira de agir de acordo com aquilo que acreditava ser o mais certo, e assim exercia sua atividade. Recentemente li em uma revista de temas médicos o acaso que proporcionou ao famoso Alexander Fleming a descoberta da penicilina. Por varias vezes ele havia solicitado ao diretor do hospital onde trabalhava que lhe arranjasse um local mais adequado para fazer suas pesquisas, já que o porão onde se localizava seu laboratório era muito úmido e impróprio para sua atividade. Numa ocasião, saindo de férias, deixou algumas placas para cultivo de bactérias sobre a mesa de trabalho. Quando regressou, observou com grande surpresa que nas placas onde crescera uma espécie de mofo de coloração branca, que sempre aparecia pelas paredes daquele porão, as bactérias haviam desaparecido, ou seja, tinham sido eliminadas. Neste exato momento foi feita a descoberta do antibiótico mais famoso da história da medicina, a penicilina, que apesar dos muitos anos passados ainda é receitada pelos médicos e cura muita gente. Mais recente ainda, durante uma pesquisa que foi realizada por alguns anos, em busca de um produto para uso em cardiologia, muitos pacientes voluntários que participavam da mesma relataram aos seus cardiologistas uma espantosa melhora do seu desempenho sexual, pois passaram a ter ereções de boa qualidade e voltaram a recuperar suas vidas sexuais que muitos consideravam perdidas. Surgia então o primeiro dos modernos medicamentos para tratamento da disfunção erétil, devolvendo a milhões de homens a recuperação de sua saúde sexual. No passado, a medicina sempre esteve intimamente associada a crenças religiosas, tanto assim que era exercida por pessoas que dirigiam aquelas práticas, como os curandeiros e sacerdotes dos tempos que se perderam na memória. Um exemplo que até bem pouco tempo era praticado era a chamada sangria, inicialmente pelos barbeiros da época, que praticavam pequenos cortes em determinados locais do corpo para que o sangue ruim fosse eliminado e junto com ele também saísse do corpo a doença que o consumia. Hoje, quem escuta estas histórias, além de achar engraçado, não entende como se podia acreditar em tais coisas. Na medicina, como em todas as ciências de modo geral, ninguém por mais inteligente que seja consegue partir do zero e chegar a alguma descoberta. A história nos mostra que sempre se começa de uma descoberta feita por um pesquisador que veio antes. Se hoje achamos graça nas crenças e condutas da medicina de muitos e muitos anos passados, penso a respeito do modo como os cientistas e médicos do futuro vão avaliar o que fazemos hoje para tratarmos as doenças como o câncer e muitas outras. Como julgarão nossas condutas? 

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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