O som do dinheiro

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Já se sentiu compelido a sair de um ponto de venda por causa da música que estava tocando ali? A pergunta é: por que as empresas não investem mais em música, considerando seus efeitos colaterais?

Na história dos negócios, as empresas estão sempre buscando um diferencial, algo que possa alçá-las a um novo patamar, com alguma vantagem, de modo a distingui-las dos concorrentes, e parece que finalmente, depois de esgotadas as alternativas anteriores, como comunicação visual e cheiro, chegou a vez da música e do som.

Claro que ninguém abandona as técnicas e diferenciais anteriores, eles se somam, se acumulam. Todas as lojas precisam ter um bom ambiente, marca reconhecida, cheiro característico, iluminação adequada etc, mas aspectos que já asseguraram diferencial e escolha não sustentam mais, viraram commodities, e agora a música e seus acordes estão assumindo novo contexto. Chegou a vez das assinaturas musicais e seus derivados.

Já reparou na assinatura da Intel, com um tcham-ram? Empresas estão investindo em uma identidade musical, capaz de alcançar recôncavos da sua memória emocional e que habilite comportamentos não conscientes. 

A música é uma expressão da arte, da emoção, da cultura. Alguns mais, outros menos, mas a música nos remete a momentos da vida, fases, sentimentos, lugares etc. A pergunta é: somos capazes de potencializar consumo com música? A resposta é um sonoro sim! Do mesmo jeito que uma música ruim espanta o cliente, ou o volume de uma música incomoda, se ajustarmos isso ao ambiente de consumo veremos que podemos potencializar e determinar comportamentos. 

Já viu tele-espera com rock n’ roll? Pois é, ninguém quer você agitado no telefone... O mantra é calma, neste caso! Assim pontos de vendas podem alcançar grandes resultados associados à uma boa música. Imagine uma boa música francesa num bistrô, para qual gastronomia você tenderá? Numa loja de vinho, qual o resultado disso? Vende mais champagne, mais vinho de Bordeaux? Uma rede de supermercado fez o teste e pasme, resultados de 75% mais venda de vinho francês com a simples escolha de uma trilha sonora correta na seção de vinhos importados.

Fast-foods já utilizam excesso de iluminação para aumentar o turn over de clientes, sem que percebamos vamos embora porque o excesso de luz nos agita, e agora música rápida cada vez mais estará presente de forma a fazermos comer mais rápido e liberar mais espaço nos bancos também nada confortáveis.

Estratégia de vendas é ferramenta fundamental de sucesso de uma marca. Entregar a seu cliente exatamente o que você pode fazer bem feito, incluindo não somente o produto ou o serviço puramente, mas cuidando de todo o ambiente e controlando ao máximo a experiência de consumo.

Se ouvir mais música nas lojas, saiba que por trás de cada acorde, o que toca, na verdade, é o doce som do tilintar das moedas, e o que seus ouvidos estarão "vendo” cada vez mais as lojas profissionalizando e controlando o que elas querem que você pense e sinta sobre aquela marca. Seus cinco sentidos estão sendo finalmente envolvidos, porque na hora de vender, o que realmente faz sentido é um cliente feliz e fiel, porque felicidade é rentabilidade.


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação

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