Colunas
Cuidando dos cuidadores
Uma dolorosa questão, que sempre aparece nos casos de pacientes terminais de quaisquer doenças, ou até mesmo com pessoas portadoras de doenças degenerativas causadas principalmente pelo envelhecimento, é o sofrimento dos seus familiares. A convivência diária com um ente querido, que a doença nos vai roubando a cada dia que passa, e que lentamente vai se afastando de nós, provoca naqueles que estão mais próximos uma série de alterações emocionais, que aos poucos vão adoecendo o corpo. São milhares os casos de familiares que se tornaram portadores de distúrbios do sono, diabéticos, hipertensos, sofrendo com fibromialgias, tudo em razão da convivência e da participação intensa no sofrimento do seu familiar. Um intenso cansaço e uma feroz depressão costumam dominar as vidas destas pessoas, depois de um longo tempo participando dos cuidados dos seus doentes, e principalmente percebendo que por mais que se dediquem e lutem pela recuperação deles, os resultados são desanimadores. Daí por diante começam a surgir alterações na saúde física e mental destas pessoas, que chamamos de síndrome do cuidador. São acontecimentos que vão se acumulando e que ao final de um tempo se transformam em um estado depressivo grave, que pode destruir a vida daqueles cuidadores. Suas vidas familiares sofrem profundas alterações provocadas por toda uma cadeia de acontecimentos que se repetem numa sequência sofrida. Determinadas doenças, felizmente, já contam com grupos de ajuda e apoio, tanto para os doentes como para suas famílias. Alguns exemplos são os grupos de AA, alcoólicos anônimos, as associações de diabéticos, os neuróticos anônimos e por aí em diante, onde os pacientes e suas famílias se associam em grupos para se socorrerem e se apoiarem material e emocionalmente. Atitudes de isolamento devem ser evitadas ao máximo, pois só servem para piorar as coisas. Associar-se aos grupos de apoio fazem menos dolorosos os momentos de sofrimento e tornam mais leve o peso da cruz que cada um terá de levar às costas até o fim da caminhada. Devemos estimular e apoiar de todas as formas a criação destes grupos, onde doentes e suas famílias possam se reunir para buscar formas de se socorrer e aliviar suas dores, através do apoio mútuo. Cabe também aos profissionais de saúde de todas as áreas — médicos, psicólogos, fisioterapeutas, enfermeiros, todos, enfim, que lidam com a saúde — apoiarem como puderem estes grupos, e assim tornar mais suave suas caminhadas.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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