Será que o gigante adormecido enfim acordou?

quarta-feira, 03 de julho de 2013

O povo está nas ruas e já deveria ter se manifestado há muito mais tempo, mesmo com os baderneiros, arruaceiros e oportunistas a tentarem distorcer o movimento.  Luis Inácio da Silva diz ser uma tentativa da direita para obscurecer o brilho desses anos sob a égide do PT. No entanto poderíamos questionar se não seria a ala radical desse mesmo PT, a tentar enfraquecer o atual governo fazendo despencar a popularidade da presidenta Dilma e abrindo espaço para o ex-presidente Lula.

Mas isso pouco importa, pois parece que o povo saiu de seu torpor coletivo, o jovem resolveu tomar para si a responsabilidade do futuro desse país, um gigante adormecido finalmente disposto a acordar e fazer valer seu valor.

Aliás, não são só o preço das passagens e a corrupção que minam a credibilidade do Brasil. A falta de respeito das instituições públicas, das autoridades, para com seus cidadãos é algo a incomodar e que contribui para o atual estágio de insatisfação do povo brasileiro.

Eu, funcionário do INSS, aposentado, ganhei uma causa contra essa autarquia, no dia dez de setembro do ano passado; seja por empáfia, seja por incompetência mesmo, o INSS não recorreu à segunda instância como era seu dever.  A sentença tramitou em julgado, foi publicada e até hoje não cumprida.

Isso aconteceu comigo, funcionário que fui da casa. Imagina o que não devem fazer com aquele celetista ou autônomo, que contribui e muitas vezes se sente prejudicado, tendo também de recorrer à Justiça. A técnica é sempre a mesma: travar o seguimento do processo, cozinhar o galo em banho-maria, torrar a paciência do cidadão, certos da impunidade. 

Chega num determinado momento que até o judiciário se sente impotente, pois muito pouco pode fazer.

Na realidade, só um choque de cidadania, como o que ora ocorre, poderá recolocar o Brasil nos eixos. Há pelo menos dois anos, jazia nos sarcófagos do congresso nacional um projeto de lei que tornava a corrupção crime hediondo. Bastaram os protestos diários, com a sábia determinação de afastar os partidos políticos do movimento, para que o decreto fosse aprovado no senado e seguisse para a câmara, para enfim entrar em vigor em breve; o mesmo se diz da reforma política, mais do que necessária, que esbarra na omissão dos que não querem perder as benesses da vida pública, mas que agora parece que vai.

Escolham qualquer político, cuja única coisa que fizeram na vida foi exercer mandatos, não importa se do vereador ao presidente da república, e analisem seus patrimônios. Mesmo levando-se em conta o salário que ganham, muito maior que o do trabalhador comum, seja nível médio ou superior, é surpreendente o que conseguiram adquirir em tão pouco tempo. Também, além dos salários, têm carro, casa, roupa lavada, passagem de avião, correio, telefone, tudo por conta do seu, do meu, do nosso dinheiro. 

Até a saúde e a educação, tão necessárias e tão desprezadas, parecem destinadas a terem enfim a importância que merecem, deixando de ser apenas a sustentação de muitas candidaturas vitoriosas.

A classe média, aquela que banca toda a farra do governo, tem de permanecer atenta, pois, para bancar as concessões que as ruas exigem, ou se diminui o tamanho da máquina administrativa ou se aumentam os impostos, o que, aliás, é o mais fácil e cômodo. O ministro Guido Mantega já acenou com essa possibilidade, conforme saiu no jornal O Globo de domingo. Diminuir a máquina administrativa vai ser muito difícil, pois havera lágrimas e ranger de dentes; afinal, para onde iriam os apadrinhados do PT? 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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