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Marketing de propósito
quinta-feira, 13 de junho de 2013
A imensa maioria das pessoas, empresas e instituições vivem de resultados. Não que eles não sejam necessários, eu diria até que são indispensáveis, mas defini-los como propósito, destrói tudo pelo que vale a pena viver, acreditar, fazer!
A cartilha de obtenção do resultado em empresas e pessoas em geral segue o passo a passo básico, tudo começa pelo o que fazer. Pessoas ou empresas são comumente vistas desmotivadas, vencidas, cansadas, mas sabem o que devem fazer. Não discuto se estão fazendo o que devem, mas afirmando que sabem o que deveriam fazer. Então o "o quê” é básico, é simples até, mas já difícil de ser executado por muitos, e isso, veremos, não é treinamento, é motivação.
Saber o que fazer é muito distinto de por que fazer.
Outra etapa fundamental para se obter resultado é o domínio do como fazer. O "como” passa por estratégias, passa por diferenciais, passa pela aquela maneira única e sua de fazer as coisas. Tudo isso pode ser ensinado, aprendido, propagado, então, por que todos não fazem tão bem quanto os outros, por que tanta indiferença e tão pouca diferença nos resultados? Mais uma vez, nos deparamos com a crença que treinamento resolve, e o indispensável é motivação.
Saber o que fazer e como fazer ainda é bem diferente de por que fazer.
Fala-se muito sobre motivação, mas é impossível motivar alguém; motivação é um processo interno, proprietário, não se pega emprestado, não se contagia, e comumente é confundido com empolgação. Está é transitória, viral, um suspiro, enquanto a motivação é forte, crônica, incurável, é sua!
Treine um desmotivado e você terá um cara ruim agora preparado para ser pior, pois tudo que se faz mal feito com conhecimento é bem pior que o mal feito por ignorância.
Lapidar uma pedra-brita não a transforma em diamante... treinar um desmotivado não o torna competente.
Resultado não é propósito, é, como o próprio nome diz, resultado. Assim é preciso algo maior, algo que nos leve a resultados, nos leve a motivação, nos leve sem o peso do caminho. O resultado não nos leva ao propósito, mas sim o propósito que nos leva ao resultado, e mais longe, e mais leves. Precisamos de propósito, algo pelo que acordar, pelo que acreditar, algo que nos motive.
Seguidamente chefes, funcionários, estudantes, pessoas e empresas vivem, dia após dia sem propósitos, sem foco, sem estratégia e, claro, sem resultados. Assim tudo que foi dito e parecia fazer sentido nos primeiros parágrafos deste artigo está errado, embora seja o senso comum da maioria. É preciso que o "como” fazer, o "o quê” fazer e o próprio resultado passem todos a fazer parte do desdobramento, como uma derivação, do propósito que move pessoas, estudantes, chefes, funcionários, políticos, líderes cíveis e religiosos, artistas, pensadores, cada um de nós.
A motivação nada mais é do que o encontro da empresa ou pessoa com seu real propósito. Todos os processos administrativos passam por uma esfera mais íntima, portanto, devem atender a um "por que”. De posse deste por que seguimos para o "como”, desta forma a maneira de fazer estará definida e clara, e finalmente o "o quê” será realizável a tempo, forma e padrão apropriados, pois todos estarão alinhados ao mesmo propósito.
Procure as melhores (empresas, marcas, as melhores quaisquer coisas do mundo) e verá uma forte cultura, uma profunda disseminação do propósito e mais, um forte alinhamento entre todos os colaboradores, familiares, participantes, associados etc.
Marketing do propósito é enxergar tudo como consequência e não tudo como resultado.
Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.
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