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Você mandaria retirar suas mamas?
terça-feira, 21 de maio de 2013
Com certeza, ninguém tem qualquer dúvida de que este nosso planeta é verdadeiramente grande aldeia global, onde tudo se sabe em questão de minutos ou horas. Já se vão muito longe os tempos em que as notícias levavam meses e anos para se espalharem e chegarem aos recantos mais distantes da terra. E assim sendo, a decisão de uma bela e famosa atriz de cinema, Angelina Jolie, de se submeter a uma cirurgia para retirada das mamas deixando somente a pele que as recobre e os mamilos correu mundo e vem sendo discutida em todos os meios de comunicação, com gente que é contra e gente que é totalmente a favor. Opinar, na verdade, é um direito de todos, mas decidir o que é melhor para cada um de nós é uma decisão completamente pessoal e deve ser respeitada. Mas vamos conversar um pouco com nossas leitoras a respeito desta notícia que está dando muito o que falar. Muitas das doenças que agridem nossa saúde estão completamente ligadas ao meio ambiente em que vivemos e aos nossos hábitos de vida. Os riscos que uma pessoa que reside em uma rua por onde passam diariamente centenas de veículos, que jogam no ar uma quantidade gigantesca de poluentes de seus motores, tem de sofrer doenças respiratórias graves é muito maior do que o de outra pessoa que resida em um sitio num local distante, respirando sempre um ar limpo. Da mesma forma, alguém que fuma muitos cigarros por dia, ou abuse de bebidas alcoólicas, ou que utilize muito sal na comida ou seja um comilão inveterado, muito obeso, fã de comidas gordurosas, tem tudo para ficar doente, sofrer de pressão alta, se tornar diabético ou ter um ataque cardíaco. Exatamente o contrário de alguém que se alimente de forma moderada e saudável, pratique atividades físicas. Estas situações que descrevi acima mostram que nós podemos agir a nosso favor cuidando da alimentação e dos hábitos de vida, mas quando se trata da nossa herança genética, ou seja, daquilo que recebemos de nossos pais através dos gens que vamos carregar para sempre conosco, as coisas são bem diferentes. Infelizmente, esta é uma situação a respeito da qual não temos como agir de modo verdadeiramente eficaz.
Os genes e as alterações que eles vão sofrer durante nossas vidas é que vão definir o rumo das coisas que vão acontecer com nosso corpo. A famosa atriz tinha uma história familiar de câncer de mama por parte de sua mãe. Os exames estatísticos da possibilidade de ela vir a sofrer da doença mostraram que seu risco era de oitenta por cento. Por isto, após conversas com seu médico, tomou a decisão de ser operada e assim reduzir muito as possibilidades de ser atingida pelo câncer de mama. Muitas centenas de milhares de mulheres pelo mundo afora tiveram os mesmos riscos de sofrer da doença, através de mães portadoras de câncer da mama, mas nada lhes aconteceu. Realizam anualmente seus mamogramas, fazem suas consultas médicas semestrais e adotam modos de vida saudáveis. Fica no ar uma pergunta: o que devem fazer aqueles que possuem risco familiar elevado para outros tipos de câncer, como o do intestino, por exemplo, e outras formas desta terrível doença? Não se pode operar a todos, não haveria dinheiro e médicos para tantas cirurgias. É uma questão muito delicada.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
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