Um sofrimento feminino

terça-feira, 09 de abril de 2013

Uma queixa que já foi muito frequente nos consultórios de ginecologistas, a perda de urina aos esforços, popularmente chamada de urina solta, já não é atualmente tão comum mas ainda se faz presente no dia a dia . Em tempos passados, a média de filhos por mulheres brasileiras era alguma coisa em torno de seis crianças. A maior parte dos partos era via vaginal, o chamado parto normal. Estes nascimentos quase sempre com um intervalo de apenas dois anos entre um e outro, causavam danos importantes no trajeto vaginal. Eram lesões musculares que muitas vezes atingiam inclusive a região do ânus, levando ao surgimento de fístulas, e também provocavam complicações na bexiga urinária. A mais comum delas era uma mudança na posição da bexiga que era jogada para baixo, em direção à entrada da vagina, e por esta razão era chamada pelas parteiras e pelas próprias mulheres de bexiga arriada.
A complicação mais frequente desta queda da bexiga, era a perda de urina sem que a mulher tivesse controle sobre ela. Isto ocorria ao menor esforço, um espirro, uma crise de tosse, uma risada mais forte. Até mesmo erguer um objeto mais pesado de forma rápida podia causar a perda da urina. Em muitos casos, a perda da urina podia ocorrer durante a relação sexual, o que causava para a mulher uma situação de grande sofrimento emocional e constrangimento, que se refletia no convívio com seu marido e acabava com sua autoestima. Apesar da evolução dos costumes e de toda a liberação social que os modernos meios de comunicação trouxeram para as nossas vidas, ainda hoje um número incalculável de mulheres ainda passa por este tipo de sofrimento. Não só nos distantes interiores do nosso país, mas aqui mesmo bem perto de nós. Mas nem só aquelas mulheres que tiveram partos normais, com dilatações importantes do canal vaginal, podem estar sofrendo com problemas relacionados à perda de urina aos esforços, como citei acima. Mesmo aquelas que tiveram partos por cesariana, e que permaneceram com sua musculatura do canal vaginal absolutamente preservada, podem apresentar queixas da chamada incontinência urinária. Lembrei-me de abordar este assunto a respeito da chamada urina solta, após ter sido procurado num mesmo mês, por algumas mulheres com esta queixa. Três delas que haviam tido partos normais e duas que haviam tido parto por cesariana. As duas pacientes com parto cesário só relatavam perda de urina durante o ato sexual, o que lhes estava causando, segundo elas, enorme constrangimento. No caso daquelas que tiveram partos normais, vaginais, a tradicional técnica cirúrgica utilizada já há muitos anos, apresenta quase sempre ótimos resultados. Nos casos daquelas que tiveram partos por cesariana e que não sofreram lesões na musculatura vaginal, mas mesmo assim sofrem perdas de urina, uma técnica muito interessante e que necessita de apenas um dia de hospitalização, consiste na colocação de uma fita de material tipo silicone, por baixo do canal urinário, com bons resultados. Exercícios de fisioterapia, chamada genitourinária, feitos com pessoa especializada, também podem proporcionar grandes melhoras. Se você sofre deste problema, não perca tempo, busque conselhos com seu ginecologista e melhore sua qualidade de vida.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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