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Entregar-se livremente
terça-feira, 19 de março de 2013
Caros amigos, chegamos à metade do tempo quaresmal, que deve ser visto por nós como um caminho realizado com Cristo em direção à Páscoa. Neste percurso, somos convidados a conhecer melhor a nós mesmos à luz de Deus, conhecer e aceitar mais plenamente a vontade de Deus em nossas vidas, superar os obstáculos de nossos pecados pessoais e encontrarmos objetivamente nosso lugar no mundo criado por Deus.
Nosso modelo—e também companheiro de jornada—é Jesus Cristo. Hoje, gostaria de dirigir esta meditação para o exemplo da imensa liberdade de Nosso Senhor, em assumir o caminho da nossa salvação. Definitivamente, aprendemos a ser livres Nele.
Assim Ele declara no Evangelho: “Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai”. (Jo 10, 18).
O texto revela que o fundamento da liberdade de Jesus está no conhecimento que ele tem da vontade do Pai e na generosidade em cumpri-la.
Indubitavelmente, a liberdade é um valor de primeira grandeza e o homem de hoje a vê como bem máximo. Na linguagem do direito, quase sempre a liberdade tem a primazia sobre qualquer outro valor moral. E, se algum valor concorre com a liberdade ou ameaça tornar necessária a sua limitação é imediatamente tratado como um grilhão, resíduo de épocas arcaicas. Também o campo religioso é valorizado na medida de sua força de libertação para o homem e para a humanidade.
A questão que nos propõe o exemplo de Jesus, entretanto, é a seguinte: a liberdade é somente ter o direito e a possibilidade de fazer tudo o que quisermos e não ter de fazer nada que não quisermos, como sugere o sentir comum? A vontade própria deve ser a norma última das nossas ações para que possamos alcançar o verdadeiro bem?
Na história recente, identificamos figuras que usaram de força para que sua vontade prevalecesse sobre os demais, às vezes sobre nações inteiras... No entanto, este não é o ideal a ser buscado individualmente para que nos realizemos como pessoas.
O bem comum exige que a liberdade do outro seja respeitada. O homem não se realiza sozinho, mas em comunidade e a verdadeira liberdade se realiza no bem e se expressa no amor, que deve ser cada vez mais entrega desinteressada.
Nós devemos também dizer com o Senhor Jesus que ninguém toma nossa vida e nós não a vendemos! Nós a entregamos por amor. Só nesta decisão de sensatez divina podemos encontrar o verdadeiro sentido da liberdade e a alegria de nossas vidas.
Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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