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Um drama que se repete
terça-feira, 05 de março de 2013
Um dos mais claros sinais da mudança dos tempos e dos costumes é o fato de as mulheres se casarem bem mais tarde e terem menos filhos.
Nas décadas passadas, elas se casavam bem cedo, por volta dos vinte anos, e geravam em media quatro a cinco filhos. Era a tradição da época e também da falta de métodos anticoncepcionais como os de hoje. Elas tinham muito menos estudo que as jovens de hoje e seu maior ideal era o casamento, seguindo o exemplo de seus pais e avós.
Uma das grandes preocupações da previdência social brasileira se concentra nesta importante mudança de hábitos, ou seja, menos filhos por casal. Temos hoje uma imensa massa de idosos em nosso país, mais de vinte e cinco milhões de pessoas, vindos da geração que tinha costumes diferentes e também preocupações diversas da atualidade.
Não é difícil compreender a razão das preocupações dos dirigentes e planejadores que respondem pela nossa previdência, teremos no futuro próximo poucas pessoas contribuindo para um fundo que ainda terá que sustentar muita gente.
Um drama que não é somente nosso, mas mundial, a situação e a manutenção dos idosos torna-se a cada dia mais presente na sociedade brasileira.
Lidando diretamente com idosos, quando há cinco anos atrás abri uma casa de repouso em uma chácara vizinha ao hospital São Lucas, convivo diariamente com os dramas de famílias que me procuram em busca de orientação e um espaço adequado para onde possam levar seus idosos. As drásticas mudanças na estrutura social brasileira levaram os membros das famílias a terem que trabalhar fora de casa, ao contrário dos tempos passados, quando as mulheres em sua maioria permaneciam no interior do lar por toda a vida.
Hoje ninguém fica em casa, quase todos os componentes da família realizam alguma atividade fora, e surge então um problema: quem vai cuidar dos velhos pais e avós?
E os idosos que não tiveram filhos, ou aqueles que nunca se casaram e vivem sós, mesmo tendo uma aposentadoria razoável, como podem permanecer sozinhos, já sendo portadores de doenças próprias da velhice? Quem cuidara deles?
Estas são perguntas que se fazem diariamente todos aqueles que lidam com a questão do idoso. Nossa cidade inclusive pode se considerar abençoada, pois temos o privilegio de contar com duas instituições maravilhosas, O Lar Abrigo Amor a Jesus, do qual meu querido avô Norberto Alves da Rocha foi um grande colaborador, e a Casa dos Pobres São Vicente de Paulo, mantida pelos vicentinos. Estas duas casas abrigam perto de mais de uma centena de idosos carentes. Estamos longe de encontrar uma solução que atenda o ser humano num momento de grande fragilidade, a velhice, serão precisos grandes esforços e boa vontade, além de muita fé.
Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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