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Propaganda e entretenimento
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Cada vez mais a propaganda precisa agregar valor no sentido de envolver seu público-alvo e concentrá-lo na mensagem. Imagens e áudios fortes nos primeiros 2 ou 3 segundos são arma já comum nos vídeos comerciais que antecedem suas visualizações no YouTube, permeando muita propaganda nos materiais mais acessados num território que parecia imune a isso.
Na TV com o conforto do controle remoto, não é nada diferente, um zapear de canais pode acabar com um break de comerciais, e tornar ineficiente a comunicação, por isso, a melhoria na qualidade dos materiais exibidos é crescente, e estar onde os bons comerciais estão é fundamental para uma boa visibilidade.
Nesta perspectiva, muitas agências de propaganda, e grandes, investem cada vez mais em megaproduções, inalcançáveis para o interior, e também no humor de seus materiais, em 95% dos casos, materiais institucionais, ou seja, que se dedicam a uma marca, quer seja de produto ou empresa, sem oferta de preço ou forma de comercialização.
O que percebo e muito, através das inúmeras narrativas que recebo, é que muitos espectadores descrevem cada etapa destes comerciais, mas que na hora de citar o anunciante ou a moral da história, tropeçam no encanto do material e esquecem o resto. Outro problema comum, é que, como uma boa piada, ela surte grande impacto na primeira vez que ouvimos, mas gera grande irritação em sua repetição, e anunciar sem repetição, é indesejável, tanto quanto ineficiente.
Entreter para vender não é nem de longe o melhor caminho, exceto se houver grande eloquência na mensagem e grande repetição no estilo e variação no item, a ponto de não deixarmos a piada ficar velha e a mensagem óbvia, mas mantendo grande coerência entre elas para que o estilo seja reconhecido, como soube fazer a Skol com o “desce redondo”.
Assim os desafios da propaganda permanecem, pois ela tem grande valor, não só para quem vende, mas também para quem veicula e para quem a vê, ouve, lê etc. Precisamos da propaganda para tomar uma série de decisões, certas e erradas, boas ou más. O fato é que a propaganda é uma narrativa viva de uma sociedade, sendo causa e consequência ao mesmo tempo, definindo seu desenvolvimento e demonstrando seu desenvolvimento, assim faz com suas prioridades, expressões, roupas, gírias, valores. É a verdadeira novela de nossas vidas e presta grande serviço na propagação de ideias, venda de objetos e perpetuação de instituições.
A propaganda ainda é a grande financiadora dos veículos de comunicação, mesmo na sua TV paga, a propaganda cresce e assume papel de destaque e ao que tudo indica permanecerá garantindo nosso conteúdo, não só no intervalo, mas em toda a programação, nas mais diversas mídias, das convencionais a todas as novas mídias que a internet insiste em chamar de novas, nos shows, casas de shows e eventos. Quem não gostar da propaganda, precisa se preparar para pagar por muitas coisas que hoje são financiadas e promovidas pelas ações de propaganda.
“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”
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