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Uma boa visão depende muito de nós
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Uma inserção na televisão, ontem, me chamou a atenção e achei oportuno abordar aquele tema no reinício de minha coluna, após as férias. Trata-se de um alerta da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) em que um cego está sentado ao lado de uma menina, num banco de jardim, e ela lhe descreve as maravilhas da natureza, que infelizmente ele não pode mais enxergar, ou nunca pôde. A inserção termina com o alerta de que a maior parte dos casos de cegueira pode ser evitada, e orienta as pessoas no sentido de procurar um oftalmologista, para exames periódicos.
O Decreto 5296 de 2 de dezembro/2004 que regulamentou as Leis nº. 10.048 de 8 de novembro/2000 e 10.098 de 19 de dezembro/2000, define cegueira quando a acuidade visual corrigida é igual ou menor que 0,05 (igual ou menor que 20/400) no melhor olho com a melhor correção óptica, e baixa visão quando a acuidade visual corrigida for menor que 0,3 e maior que 0,05 no melhor olho com a melhor correão óptica. A situação na qual a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60°, ou a ocorrência simultânea de qualquer uma das condições anteriores, é considerada deficiência visual.
No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); se iniciativas de alcance mundial e regional não forem tomadas, em 2020 existirão no mundo 75 milhões de pessoas cegas e mais de 225 milhões com baixa visão.
Corroborando a informação prestada pela SBO e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as maiores causas de cegueira adquiridas são: 1) Diabetes mellitus: atualmente existem cerca de 246 milhões de pessoas diabéticas no Mundo e 6,4 milhões, no Brasil. O risco de uma pessoa diabética ficar cega é de 0,05% ao ano. O diabetes é, portanto, a maior causa de cegueira evitável no mundo em pacientes em idade laborativa. O paciente diabético tem 29 vezes mais chances de ficar com baixa visão ou cego do que o paciente não diabético; 2) Catarata: 48% dos casos de cegueira no mundo são causados pela catarata e a cirurgia (fascectomia) restaura ou melhora muito a visão dessas pessoas; 3) Glaucoma: é, talvez, a mais importante causa de cegueira no mundo. Ela ocorre principalmente em países pobres, inclusive no Brasil, porque a população tem o acesso aos serviços médicos dificultado; 4) Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): é a principal causa de cegueira entre as pessoas maiores de 65 anos nos países ricos e desenvolvidos. Entre 20 e 30% das pessoas acima de 75 anos são afetadas pela DMRI em algum grau (leve ou avançado); 5) Erros de refração (grau dos óculos): os erros de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo) são muito comuns e muitas pessoas não usam óculos. A OMS reconhece que 153 milhões de pessoas no mundo apresentam baixa visão por não usá-los. Um exame de vista, tão simples e rápido, poderia ajudar muita gente; 6) Outras causas de cegueira são: deficiência de vitamina A, tracoma (infecção causada por um protozoário chamado Clamidia Tracomatis), uveites e outras menos frequentes.
Se nossa visão se enquadra entre um dos bens mais valiosos que temos, sua preservação é muito importante. Então, mexa-se, consulte seu oftalmologista pelo menos uma vez por ano.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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