Boas obras no advento

Caros amigos, o Advento é uma oportunidade de meditar os profundos mistérios do Natal de Jesus. Em toda a história da humanidade, pessoal e coletiva, conseguimos perceber que o homem sempre espera, de alguma forma, a visita de Deus. O coração humano foi criado para a visão de Deus, única realidade capaz de preencher seu desejo de eternidade, seu anseio de plenitude, de amor verdadeiro.

“O desejo de Deus está inscrito no coração do homem” (CIC, 27), afirma o Catecismo da Igreja Católica na primeira frase de seu primeiro capítulo. E não somente isto—Deus também deseja comunicar-se ao homem por amor: “Ao longo de sua história, Israel pode descobrir que Deus tinha uma única razão para revelar-se a ele e para tê-lo escolhido dentre todos os povos para ser dele: seu amor gratuito” (CIC, 218). “Ao enviar, na plenitude dos tempos, seu Filho único e o Espírito de Amor, Deus revela seu segredo mais íntimo: ele mesmo é eternamente intercâmbio de amor” (CIC, 221).

Como não chegar à conclusão de que Deus nos ama diante de sua humildade ao abaixar-se até nosso nível e aceitar padecer por nosso amor?

Esta primeira “vinda do Senhor”, revestida de fragilidade e humildade, foi preparada pelas profecias da Antiga Aliança que mantiveram o coração de Israel em vigilante espera, como atestam o testemunho dos anciãos Simeão e Ana, retrados no início do Evangelho segundo São Lucas.

Infelizmente esta união íntima e fundamental com Deus pode ser esquecida, ignorada ou até explicitamente rejeitada pelas mais variadas causas. Nestes casos repete-se o drama de Nossa Senhora e São José, que andaram pelas casas de Belém procurando asilo sem nenhum sucesso, até refugiarem-se em um presépio sem portas, como em corações que já perderam todas as esperanças humanas.

Neste tempo de preparação para o Santo Natal não desperdicemos a oportunidade de preparar um lugar para Deus em nosso cotidiano. No que diz respeito ao exterior, nossa cultura se esmera nos ornamentos do pinheiro de natal, nos cartões, presentes, luzes, festas... Porém, para o interior, Deus nos pede que perseveremos nas boas obras, que igualmente iluminam nossas almas.

Na oração de coleta da missa do primeiro domingo do advento, a Igreja recorda que devemos acorrer “com as boas obras ao encontro do Cristo que vem”. Esta é nossa resposta de amor a Deus, que gratuitamente vem ao nosso encontro. Com nossas boas ações preparamos um lugar para Jesus em nosso coração. Animemo-nos uns aos outros nesta prática. Deus abençoe a todos.