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Black Friday
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A sexta-feira negra, de grandes promoções, está aos poucos ocupando espaço em nossa publicidade e tende em alguns anos a assumir posição de destaque no calendário promocional, abrindo a temporada de vendas de natal, como é no calendário americano.
Nesta última sexta feira, vinte e três, aconteceu o último Black Friday, e tive a oportunidade de presenciar ao vivo e a cores a virada da meia-noite em Orlando, Flórida, em um outlet, para o meu completo desespero!
Incumbido do mais puro espírito de trabalho, e motivado pela promessa feita a minha querida amiga Janaina, fui testemunhar a insanidade a qual o consumo é capaz de levar as pessoas. Embora não tenha assistido ao vivo nenhuma imagem de violência, vi nos jornais, notícias de tiro, pancadaria e muito empurra-empurra no decorrer da madrugada, minha aventura limitou-se a algo mais pacífico, mas não menos interessante.
A noite de Orlando virou dia, carros em profusão, em deslocamento ou tentando, uma vez que foi a primeira vez que vi engarrafamentos, manobras proibidas, carros jogados sobre calçadas e jardins, a mais de duas milhas de distância dos malls, gente andando a pé, carros sendo rebocados, enfim, tudo que normalmente não se vê. Barracas de campings montadas dias antes na porta das lojas mais agressivas em promoção como Wall Mart e Best Buy.
Os outlets enormes que possuem vasto estacionamento, sem qualquer vaga, com cancelas de acesso fechadas, e gente indo aos carros guardar as compras e voltando para comprar mais. Filas, muitas filas nas portas de muitas lojas, seguranças controlando quem entra e quem sai, pessoas (quase sempre brasileiros) com malas (no plural e grandes) para colecionar itens comprados, funcionários virados, maridos, muitos maridos desesperados com a demora e com o custo da diversão, e por fim, crianças dormindo pelo chão das lojas, literalmente, enquanto mães ensandecidas compravam, compravam e compravam.
Em poucas horas o mundo volta ao normal, as megaofertas finalizam porque o estoque é mínimo e o que resta são boas oportunidades, mas nada que valha dias numa barraca acampando na porta da loja, cotoveladas, filhos jogados no chão e/ou uma noite sem dormir. Em duas horas e meia bati em retirada, sem comprar nada, mas com algumas certezas: ficou marcante a necessidade de muitos de pertencerem a uma história, ainda que como meros coadjuvantes, pois havia pessoas nas filas para comprar dois ou três itens, ou seja, não era pela promoção, era só para dizer que ali estiveram. Ficou claro como o consumo mexe com todos, mesmo aqueles que estão tão acostumados a consumir e se dizem tão civilizados. E por fim ficou claro que eu nunca mais me meto nisso... No próximo, eu fico é dormindo.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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