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Infidelidade conjugal
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
A infidelidade conjugal continua a destruir muitos lares, infelizmente. Ela é um sintoma tanto de problemas emocionais como espirituais. É um tipo de maldade, mesmo quando ocorre sem intenção consciente de machucar o cônjuge traído.
Uma das dores emocionais mais fortes e devastadoras é a de ser traído no casamento.
Nada justifica a traição conjugal. A situação complicada do casal pode explicá-la, mas não justificá-la. Justificar tem que ver com provar que houve uma razão legal (dentro da lei) para o ato, ou significa tratar como justo um comportamento, ou ainda provar a existência de um motivo legítimo para o ato realizado. Trair não é justo, não é justiça.
O cônjuge que trai age injustamente. Verdade, o traído talvez tenha sido injusto no sentido de ter privado o(a) companheiro(a) de atenções, sexo, diálogo, companhia, etc. Ambos, traído e traidor, geralmente têm culpa no caso de uma infidelidade no casamento. Na verdade, não há um carrasco e uma vítima. Ambos erram.
Há pessoas que traem porque são compulsivas sexuais cujo cônjuge não tem quase nenhuma culpa, se alguma, pelos constantes e frequentes episódios sexuais fora de casa deste indivíduo viciado em sexo, portador desse transtorno mental tratável.
Se o cônjuge traído sempre foi fiel e fica sabendo da situação, instala-se uma dor de difícil cura. Abre-se uma ferida cheia de ódio, tristeza, estranheza, sensação de estar casado agora com um “inimigo”. O que era íntimo, fica afastado; o que era confiável, fica desconfiado; o que era amigo, parece inimigo; o que era conhecido, fica estranho.
Dra. Carmita Abdo e equipe pesquisaram entre 3106 mulheres brasileiras e encontraram que as que menos traem o marido são as do Paraná (19,3%) enquanto que as que mais traem são do Estado do Rio (34,8%). Outros Estados ficaram assim quanto à porcentagem média de mulheres que traem: Pará 20,3%; Santa Catarina 23,3%; Mato Grosso do Sul 23,6%; São Paulo 24,1%; Bahia 25,2%; Pernambuco 26,5%; Ceará 26,7%; Goiás 27,7%; Minas Gerais 29,5%; Rio Grande do Norte 30,2% e Rio Grande do Sul 31,7%.
Quanto aos homens, os que menos traem são os do Paraná também, mas mesmo assim com índice muito alto (43%). Depois vem São Paulo com 44%; Minas Gerais 52%; Rio Grande do Sul 60%; Ceará 61% e o estado com maior número de homens infiéis é a Bahia com 64%. Ou seja, em cada 100 homens baianos casados, 64 traem suas esposas em algum momento da vida segundo este estudo da Dra. Carmita da USP.
A prevalência de um “caso sexual” entre 6846 participantes da pesquisa mostrou o seguinte quadro: 50,6% dos homens brasileiros admitiram ter tido um “caso sexual” com outra mulher, enquanto que 25,7% das mulheres admitiram ter tido sexo com outro homem. Ou seja, em cada 100 homens casados no Brasil, 50 tiveram um “caso” e em cada 100 mulheres casadas, quase 26 também tiveram contato extraconjugal sexual. Uma lástima e uma tragédia indevidamente alimentada pela má mídia.
A internet favorece a infidelidade conjugal. Pessoas casadas frustradas em seu casamento buscam “amor” virtual. Isto mascara o problema e pode complicar as coisas. Cerca de 60% dos casos de traição virtual terminam em sexo real.
Uma pessoa casada que busca erotismo na internet está maltratando seu casamento porque estará comparando injustamente seu cônjuge com uma imagem pornográfica. Da mesma forma a pessoa casada frustrada em seu matrimônio que busca romance na internet está afundando ainda mais seu relacionamento e de uma forma injusta porque é muito fácil ser “amável” virtualmente e mostrar uma imagem de incompreendido(a) ou vítima para a pessoa no outro lado da conexão (ou pessoalmente). Se criam ilusões e a coisa piora. E a verdade é que uma pessoa “interessante” também tem problemas.
Para evitar a infidelidade conjugal é importante (1)diálogo sincero; (2)humildade de ambos, marido e mulher, para aceitar dificuldades pessoais e procurar ajuda para resolvê-las; (3)aceitar a limitação do outro para amar como se sonha ser amado(a); (4)aceitar o amor possível; (5)parar de ter obsessão pelo outro; (6)aprender que homem e mulher são diferentes do ponto de vista comportamental, o que produz a necessidade de aceitar as limitações pessoais; (7)compreensão de que o outro nunca poderá preencher todas as suas necessidades, e (8)apegar-se aos princípios éticos e espirituais de uma fé religiosa capaz de fornecer autocontrole e resistência aos apelos sensuais e românticos excessivos na sociedade e, possivelmente, no mundo interior da própria pessoa.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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