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Música para os ouvidos
quinta-feira, 01 de novembro de 2012
O mundo anda tão diferente que é preciso se repensar muito para onde e como se está indo. Novos formatos de negócios, novas relações do consumidor com produtos, serviços, marcas... novas buscas por novas experiências de consumo, tudo isso modifica, e vai cada vez mais modificando como os negócios precisam se reajustar e se reinventar para sobreviver.
Na última semana, estava presente em um grande evento do setor de entretenimento e economia criativa, que contou com personalidades deste universo como Nelson Mota, Regina Casé, Mauricio de Sousa, Roberta Medina e outros, menos conhecidos, mas não menos importantes, como Luiz Calainho—ex-comandante de grandes gravadoras. Lá se discutiu os caminhos para o entretenimento e o comportamento do consumidor diante do consumo deste, e uma questão ficou clara: nunca se ouviu tanta música (consumiu) e nunca se comprou tão pouca.
Desde o advento do Napster, o primeiro software de compartilhamento de música, a então bilionária indústria nacional da música despencou dos 2 bi (valores corrigidos) em 1996 para os 200 mi de 2011, mas os gadgets e outros itens que tocam música nunca foram tantos, tão acessíveis e tão disseminados como hoje.
A lição que se tira disto é que o consumidor é o grande detentor do processo de compra, é ele quem determina como, a que tempo, a que preço e de que modo prefere comprar, ou como no caso de música, prefere consumir, sem pagar nada ou quase nada por isso, e em outros mercados, fica o exemplo de como prefere consumir, ainda que a preços mais altos, mas em condições distintas, pagando pela tão propalada conveniência e conforto.
Mas há quem derrube até isso, ou seja, entregue conveniência, a preço baixo. Empresas pontocom que antes pareciam patinar na logística, e consequentemente na conveniência, já têm hoje componentes operacionais que assustam muitos concorrentes. Uma Netshoes, gigante virtual do setor de calçados, já faz entregas em até 3 horas dentro de São Paulo capital, é menos tempo que um paulistano médio leva para sair de casa e chegar num shopping e voltar.
Reinventar, talvez seja a palavra, mas nunca sem antes ouvir o que o silêncio nos diz, não sem antes entender as tendências, sem ver as mudanças que ainda não ocorreram, mas que ocorrerão, e quem sabe ter uma boa dose de ousadia, se definindo como parte da mudança, e não apenas como uma consequência dela. Esta talvez seja a receita para vendedores prosperarem e poderem se perpetuar no mercado, porque ao que parece os consumidores, cada vez mais, querem música para seus ouvidos, e é melodia tudo aquilo que vem mais fácil, mais rápido e mais barato.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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