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Metendo a colher na matéria de um colega
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Quando uma matéria é publicada no jornal pode-se complementar o texto, com informações suplementares, para enriquecer aquele de quem o fez. Por isso cito a reportagem publicada em A Voz da Serra de sexta-feira 26, sobre uma casa assaltada na Rua Trajano de Almeida, no Recanto.
Essa rua foi uma das mais atingidas no centro de Nova Friburgo, próximas da escola Miosótis onde, inclusive, houve vítimas fatais. Por causa do deslizamento de uma barreira situada atrás, nove casas ficaram em risco, deixando no rastro da lama apenas danos materiais.
A casa em questão pertence ao meu sogro, cidadão que trabalhou durante a vida toda para criar seus seis filhos e amealhar um pequeno patrimônio que lhe garantisse uma aposentadoria tranquila. Quis o destino que naquela fatídica noite sua vida e a de sua mulher fossem poupadas, pois o colchão de sua cama boiou na água que invadiu sua casa e atingiu, lá dentro, dois metros de altura. Por isso não morreu afogado.
Por motivos que não interessam ser comentados, o fornecimento de água foi cortado, o de energia elétrica não, e até hoje o casal mora num apartamento alugado, pago do seu próprio bolso, pois o aluguel social lhe foi negado.
Já foram feitas várias tentativas para se levantar tal interdição, o processo passou por várias repartições, muitas pessoas foram acionadas, sem sucesso. O mais curioso é que as outras casas voltaram a ser ocupadas, a rua voltou ao normal, mas meu sogro continua sem poder voltar para o seu canto. Aliás, essa não foi a primeira vez que a família teve problemas, pois recentemente tivemos conhecimento de que a polícia prendera um assaltante, homicida, e um suposto estuprador que estavam utilizando a parte dos fundos como local para dormir.
Infelizmente, essa é uma situação corriqueira em que as autoridades não estão nem aí para as consequências de seus atos. Se a família já tivesse conseguido religar a água, uma limpeza em regra poderia ter sido feita e meu sogro já poderia estar em casa de novo, sem ter de gastar sua aposentadoria com aluguel desnecessário. Sabe-se que os outros moradores assinaram um documento distribuído pela defesa civil em que ficava explicitado o fato de, no momento, não haver risco iminente e cada um seria responsável por problemas futuros. Se tal fato ocorreu, por que quando houve o pedido de vistoria para regularização do fornecimento de água, tal papel não foi fornecido à família?
O que não pode é um senhor de 92 anos de idade ver todo o esforço de uma vida ser perdido da noite para o dia e, o que é mais grave, ver seu patrimônio sob risco de desaparecer. Casa “abandonada” corre o risco de ser invadida e a justiça brasileira nesses casos é muito complicada.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: a quem recorrer e como resolver esse problema para que meu sogro possa ter um final de vida mais tranquilo, usufruindo aquilo que lhe é de direito, fruto de seu trabalho honesto e de uma vida inteira?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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