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Observatório - 30/10/2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Diário de uma campanha
Capítulo VIII
Perder um voto pode ser ganhar dois
“Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém.”
Jacques Rousseau
Assim como há bons políticos, há maus políticos. Assim como há bons eleitores, também existem maus eleitores. Até porque antes de ser político, todos são eleitores. Como há os políticos corruptos, também há os eleitores corruptos. Numa campanha eleitoral você encontrará de tudo, de pedidos infames a pedidos nobres. Infelizmente, será marcante a conclusão de que há muita gente que só olha para o próprio umbigo e que quer tirar vantagem em tudo, sejam candidatos ou eleitores.
Para início de conversa, é tarefa de um bom candidato educar as pessoas. Combater a compra e a venda de voto. É um combate difícil, pois infelizmente muitos de seus “colegas” concorrentes não pensam como você e uma parte dos eleitores também não está nem aí!
Quando alguém vinha me pedir algo, sempre ouvi com paciência, o que não quer dizer que a conversa sempre terminou de maneira amigável!
— Posso te pedir uma coisa?
Pelo jeito da fala da pessoa você já sabe o que vem.
— Olha, depende! Se for para a sua rua, sua comunidade, seu bairro... Mas se for algo pessoal...
Alguns encerram o papo aí mesmo, outros prosseguem e contam as histórias mais dramáticas possíveis! Claro que algumas são reais e até tocantes, mas boa parte... De qualquer maneira, é preciso ouvir, e explicar não só a ilegalidade do ato, mas acima de tudo a imoralidade, o que existe por trás da venda e da compra de voto e pedir que a pessoa compreenda. Alguns são compreensíveis, outros simplesmente falam a dura verdade: “Desse jeito você não vai ganhar a eleição”. Felizmente, estamos aí com alguns outros para provar o contrário!
Mas entre os pedidos, tem de tudo, de frango assado a vasectomia. De remédio a frauda. De passagem de ônibus à ligadura de trompa. De pedra de brita a caminhão de frete. De dinheiro a dinheiro.
No início da campanha o número de pedidos foi assustador. Nas últimas semanas nem tanto, pois os ventos levam para todos os cantos o jeito de cada um, e os espertinhos já sabem em quem pode pedir e de quem não tirará nada! Lembro de um dos últimos comícios. Entrei em um bar para abraçar as pessoas e um sujeito pediu para eu pagar umas cervejas. O rapaz que estava do lado logo respondeu, sem eu precisar dizer nada: “Ih! Esquece. Esse aí é pão-duro! Mão de vaca. É sério demais!” Só pude rir.
Entre os pedidos, teve um sujeito que me contou uma história bizarra! Resumidamente, disse ele: “Perdi tudo na tragédia. Fui para Rio das Ostras, mas consegui voltar. Só que não consegui pagar todo o aluguel e fiquei devendo duzentos reais. Será que você tem como me arrumar esse dinheiro?”. Vendo meu sinal de que não, continuou: “Então, a dona lá prendeu um freezer meu que vale uns quinhentos reais. Preciso desse freezer. Será que você não me arruma cento e cinquenta reais para o frete?”. E em sequência foram vários pedidos seguidos até chegar à passagem de ônibus que obviamente também neguei.
Por falar em passagem de ônibus, na feira do Bairro Ypu teve um sujeito que me perturbou pedindo dinheiro para a passagem de ônibus. Fiz toda a explicação de que isso não era certo, de que a venda do voto prejudica a cidade e tudo mais. O rapaz começou a gritar, me xingar, foi extremamente constrangedor, já que toda feira parou para assistir à cena! “Vocês políticos são todos safados! Você vai perder a eleição! Meu voto você não vai ter!”, disse o aproveitador. Não podia deixar barato e tive que falar alto também! “É por causa de pessoas como você que a nossa cidade está do jeito que está! Vá vender seu voto para gente como você! Quem não quer seu voto sou eu. Voto como o seu não tem qualidade! Você é tão corrupto como muitos dos que estão aí destruindo a nossa cidade!” Provavelmente ele não votou em mim—ainda bem!
Teve um pedido que, como quase todos os outros, foi antecipado por uma história muito triste. “Minha filha vai ter o terceiro filho, preciso fazer uma ligadura de trompa.” Assustado vendo a barriguda do lado da mãe, perguntei: “Mas quantos anos tem a sua filha?” “17 anos”, respondeu ela. Não me contive: “Sua filha não precisa de uma ligadura de trompa não, ela precisa é de um transplante de cérebro pra ver se cria juízo!”. Também devo ter perdido esse voto e o de toda a família!
Mas encerro contando uma situação que marcou minha jornada nesse sentido de educar o eleitor para o que é certo! Um bom político é acima de tudo um educador. Uma roda de crianças em um comício pedia de tudo aos candidatos que ali estavam. Fui um dos primeiros a ouvir o pedido do líder do grupo para pagar um salsichão em troca do voto dele e da família. O pirralho devia ter 12 anos. Conversei com o menino explicando sobre o erro na compra de voto. Não dei nada a ele! Fiquei observando o grupo que se fartou de guloseimas pagas pelos candidatos. No fim do comício, o menino veio me procurar. Me pediu meu santinho e disse para os colegas: “É nesse que eu vou votar! Esse é sério! Quando eu for prefeito vou ser igual a ele!”. A emoção me bateu forte e disse a ele: “Quero ver você prefeito mesmo, hein, menino?! Um ótimo prefeito! Estude, batalhe, sonhe e você será o que você quiser!”. Para mim mesmo só pude me dizer: “Esse país tem jeito, essa cidade tem salvação! Estamos no caminho certo! Prossigamos até a vitória sempre!”.
Zona rural recuperada
A produção agrícola nas cidades afetadas pelas chuvas na Região Serrana aumentou 5% em comparação ao que era produzido antes do desastre. A informação é da Secretaria de estadual de Agricultura. O estado, através da Secretaria, considera ainda que, do ponto de vista infraestrutural, a grande maioria da zona rural está recuperada.
Pontes
O dado que preocupa na zona rural, especialmente a de Nova Friburgo, diz respeito a construção das pontes. Segundo o próprio estado, a construção e recuperação de 40 pontes já estão em andamento. No entanto, das 14 de Nova Friburgo, nenhuma ainda começou a ser construída.
Fim de prazo
Termina amanhã, 31, o prazo para municípios com até 50 mil habitantes concorrerem à máquinas da 2ª etapa do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC 2. Ao todo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário vai entregar mais de 3,5 mil retroescavadeiras e cerca de 1,3 mil motoniveladoras destinadas à recuperação de estradas vicinais.
Estradas rurais
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, 92% dos municípios já concluíram o cadastro para participar da seleção. Os que ainda não fizeram precisam confirmar o interesse, e entrar no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde vai acessar e preencher os dados do município.
Friburguense
Dia D para o Estadual 2013. Acontece na tarde desta terça, 30, na sede da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, o arbitral que definirá todos os detalhes da competição, como mandos de campo, fórmula de disputa, ingressos e assim por diante. O Estadual está previsto para começar no dia 20 de janeiro.
Estadual 2013
Pela primeira vez, os clubes pequenos juntos somam mais votos do que os quatro grandes. Isso quer dizer que se os chamados pequenos se mantiveram unidos, poderão expressar seus direitos e interesses. Entre eles, está o retorno dos confrontos com os grandes nas cidades do interior, como Nova Friburgo, sem interferência da TV.
Mudanças
A tendência é que não só essa medida seja oficializada no regulamento como todas as demais defendidas pelos pequenos, entre as quais: inversão dos turnos (no 1° os times de um grupo enfrentarão os do outro grupo, e, no 2° turno se enfrentarão dentro do grupo) e a realização de um 3° turno que funcionará como uma espécie de repescagem.
3° turno
Os quatro primeiros colocados das somas dos dois turnos, exceto os campeões de cada turno, disputarão uma semifinal extra. Os dois classificados pegam os campeões dos turnos que terão vantagem do empate nas semifinais gerais. A fórmula não é bem-aceita por Fluminense e Botafogo. Vasco e Flamengo não se expressaram publicamente. No entanto, nesse ano, quem manda, finalmente, são os pequenos.

Wanderson Nogueira
Observatório
Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.
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