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Política e estratégia
quinta-feira, 04 de outubro de 2012
É correto e bem atual dizer que “o maior castigo para quem não de preocupa com o futuro é ter o seu construído por um estrategista” (citação de Toynbee 1889-1975).
Diferente dos ingleses que separam claramente a palavra “política” em “policy” e “politics”, dando respectivamente o sentido “arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”, conforme o Houaiss e “arte de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, pela influência da opinião pública, pela aliciação de eleitores e etc.”, nós brasileiros enfiamos tudo dentro do mesmo saco de gatos e consequentemente nos desinteressamos de política porque necessariamente isso envolve um posicionamento partidário e um plano de poder, quando na verdade existe uma clara separação entre “organizar e dirigir” e “influenciar e aliciar”.
Política no sentido do aliciamento é feito com estratégia, boas e fartas doses de estratégia.
Assim, nosso comportamento extremado, de politiqueiros (com planos de poder e usufruto) e alienados políticos (descrentes e avessos ao assunto) transforma qualquer posicionamento intermediário como algo estranho, inato e cínico, gerando grande dificuldade de um controle positivo daqueles que poderiam ser o fiel da balança; na nossa cultura não existem interessados em políticas, são todos interesseiros ou alienados.
Dentro deste comportamento as campanhas continuam vivendo de promessas, de versões que precisam atingir o interesse próprio do eleitor, as estratégias para amealhar votos continuam apoiadas em produzir verdades transitórias capazes de seduzir não pelo “bem do todo” ou pela “viabilidade do fato”, mas pelo bem daquele eleitor que decide seu próprio voto, nossa urna é redonda, porque nossa estratégia—de eleitor—é do voto de umbigo—eu ganho, eu voto!
Nosso comportamento de eleitor ainda é muito semelhante a de consumidor que compra com desconto de 50% aquele produto que teve seu preço majorado em 100% antes da promoção. Na verdade o político simbioticamente nos imita, dando a nós o que queremos, promessas que resolvam nosso problema e em troca do nosso interesse satisfeito em vídeos de computação gráfica ou decisões reacionárias, entregamos nosso voto... aí eu me pergunto: quem é o interesseiro? Quem na verdade é político? E mais, como conduzir um futuro, se não com um estrategista?!
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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