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Propaganda eleitoral, um modelo que não muda
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Depois de assistir a alguns programas da propaganda eleitoral chega-se a conclusão que das duas uma: ou a memória do eleitor é mesmo muito curta ou os candidatos são muito caras de pau. A coisa que mais se escuta é a promessa de melhorarem a saúde e a educação, além de, no pós-catástrofe, reconstruírem a cidade. É preciso que o eleitor se dê conta de que vereador não tem verba para reconstruir coisa nenhuma e pagar médicos, professores e pessoal de apoio tanto da saúde como da educação nem pensar. Da mesma maneira os candidatos a prefeito são preparados por seus marqueteiros a produzirem apenas impacto em suas falácias, pois, finda a eleição, o que menos fazem é algo pela saúde e a educação.
Saúde requer investimentos, despesas vultosas e, principalmente, vontade de trabalhar pelo bem-estar do povo no verdadeiro sentido da palavra trabalho. Acontece que sempre existe uma prioridade maior e a saúde foi, é e será sempre a última coisa em que o prefeito da vez vai se empenhar para resolver. No entanto, como promessa de campanha, infelizmente, ainda funciona e tem muitos ingênuos que se deixam embalar por essa utopia. O pior é a certeza da disponibilidade de verbas que, se bem aproveitadas, melhorariam em muito o atendimento aos mais carentes. Promete-se Hospital da Criança, Hospital da Mulher, mas entra prefeito sai prefeito o Raul Sertã continua sendo o calcanhar de Aquiles do mandatário da vez. Não seria melhor trabalhar por um hospital municipal que funcionasse? Se esse é a lástima que é, para que criar-se mais dois elefantes brancos?
Com relação à educação, uma das primeiras providências da ditadura, então implantada em 1964, foi destruir o ensino público brasileiro que, na época, funcionava muito bem. Nova Friburgo é o maior exemplo de como ele era de qualidade. Muitas friburguenses que se distinguem hoje, em vários setores da vida econômica e cultural da cidade, são oriundos dos bancos escolares da rede pública. Mas povo instruído é povo politizado, culto, que não se deixa enganar por falsas promessas ou que cobra aquelas feitas com o intuito único de conquistar o voto do eleitor. Ao sucatear o ensino público matam-se dois coelhos com uma única bordoada, pois povo com baixo nível de instrução tem pouca capacidade de se organizar e de cobrar o mar de rosa propalado nas campanhas eleitorais.
Quando Heródoto Bento de Mello foi diretor do antigo DER, no projeto da construção do atual viaduto que desemboca naquele logradouro, constava uma segunda perna que jogaria o trânsito diretamente na avenida que margeia o rio Bengalas. Portanto esse projeto não é novo, apenas de difícil execução nos dias de hoje. Pelo menos não houve promessa de um novo trem, nem que fosse “um trem bão!!”. Existe ainda um candidato que vai fazer tanto pela cidade que ao final do seu mandato estaremos no paraíso e não na Nova Friburgo de hoje, com todas as suas mazelas de ontem e de agora.
Após pouco mais de um mês de campanha no rádio e na televisão, mais me convenço de que devemos dar um basta no atual modelo político brasileiro e para mim o voto nulo é a grande sacada dessas eleições. Isso obrigaria a uma grande reflexão coletiva e criaria condições para um modelo melhor em que os eleitos teriam que cumprir suas promessas da época da campanha.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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