Parabéns, meninas do vôlei

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Se sábado pela manhã fora aquela decepção esperada, com a outrora poderosa seleção brasileira de futebol à deriva frente à mexicana e, mais uma vez, ficando sem o ouro olímpico, à tarde tudo foi diferente. Ao contrário dos marmanjos do futebol, as meninas do vôlei deram um show de encher os olhos de alegria e, por que não, de lágrimas, ao faturarem mais um pódio, tornando-se bicampeãs com os títulos de Pequim 2008 e Londres 2012.

Com um jogo de equipe excepcional, um conjunto em que não existem estrelas individuais, mas sim um grupo harmônico com um objetivo bem definido, elas deram uma lição a ser copiada pela nossa seleção de futebol. Aliás, no vôlei, não existe a figura acintosa do empresário a prejudicar a concentração necessária das jogadoras na fase de preparação para as competições. Creio, também, que jogadores e jogadoras são mais maduros, pois é difícil notícias sensacionalistas envolvendo esses atletas. Pelo menos nunca vi comentários na mídia de que algum deles tenha chegado sem condições (alcoolizados essa é a verdade) em dias de treinamento. Mesmo porque pelo grau de profissionalismo da comissão técnica, seriam cortados imediatamente; um Adriano, um Ronaldinho, um Emerson e tantos outros, dificilmente sobreviveriam no vôlei.

A verdade é que numa prova de grande maturidade, após perderem o primeiro set por 25 a 11, quando era de se esperar um abatimento que desse por encerrada a disputa pelo primeiro lugar, eis que nossa seleção comandada por Jaqueline e Fabiana, numa reação espantosa, ganhou o segundo, terceiro e quarto sets, numa vitória histórica sobre a seleção dos Estados Unidos, até então favorita absoluta ao título.

Talvez a grande diferença esteja no fato de que noites maldormidas no futebol sejam sinônimo de badalação, de farra, ao contrário do vôlei. Segundo Fabiana, a Fabí, foram as críticas pelos maus momentos, no início da competição, com as derrotas para esse mesmo Estados Unidos e Coreia do Sul, além da ansiedade gerada pelo fato de que uma vitória da Turquia sobre as americanas, já classificadas, equivaleria à volta mais cedo para casa, que provocaram noites de insônia. E ela completou: “O futebol é a paixão nacional, mas o vôlei conquistou seu espaço e as pessoas esperavam muito mais da gente do que estávamos fazendo”.

Ao contrario do futebol, cuja classificação se deveu ao confronto com equipes muito mais fracas e sem tradição, nosso time só teve pedreira pela frente. Quando os marmanjos enfrentaram uma seleção mais organizada, foram derrotados de forma contundente; ao enfrentar um grupo de mesmo nível, se bem que num estágio um pouco acima, durante as olimpíadas, o vôlei feminino do Brasil se superou, deu um show em quadra e produziu uma final eletrizante.

Infelizmente, no domingo, nova decepção com um segundo lugar no pódio, com a seleção masculina de vôlei que era franca favorita contra os russos. Após ganhar dois sets, com uma atuação digna de campeão, não conseguiu parar a reação dos gigantes da Sibéria e perdeu o jogo por três sets a dois. Mesmo assim viva o vôlei brasileiro que trouxe quatro medalhas, a saber, o ouro com a equipe feminina, a prata com a masculina, além de uma prata no masculino e um bronze no feminino de praia.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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