Mergulhando na doença

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Após uma consulta de rotina a uma senhora de sessenta e poucos anos, fui surpreendido por uma pergunta que a mesma me fez. “Doutor, estou muito preocupada com a saúde de um neto de dezoito anos. Ele passou mal no local de trabalho e foi levado ao hospital pela dona do escritório.” Lá, após exames, o médico disse a ela que o problema dele era pressão alta.

O rapaz estava com dezoito por onze de pressão segundo o médico. “Isto pode acontecer com uma pessoa tão jovem?”, perguntou ela.

Na verdade, isto pode acontecer com qualquer um de nós, respondi. É mais comum entre gente de mais idade, principalmente depois dos quarenta anos, mas já são registrados casos de pressão alta até entre crianças de nove anos.

A pressão considerada como normal, em todos os países do mundo, fica num nível de doze por oito, por ser a pressão da maioria das pessoas.

Esta é a pressão com a qual o nosso corpo convive sem problemas ou sofrimentos.

Se ela fica muito abaixo deste nível, ou muito acima, não é bom.

Muito acima destes números é realmente péssimo para os principais órgãos do nosso corpo, como o coração, os rins, o cérebro e alguns outros.

A nossa pressão sanguínea é um elemento fundamental para que o sangue corra por todas as partes do organismo, levando oxigênio e absorvendo o gás carbônico e outras substâncias resultantes do metabolismo.

A nossa pressão pode ser alterada por diferentes fatores. A genética é um dos principais deles. Filhos de pais hipertensos têm um alto risco para se tornarem também hipertensos, principalmente se o casal de pais for portador da doença.

Os hábitos de vida, como alimentação, prática ou não de exercícios regulares, estado emocional e outros, podem também levar uma pessoa a ter pressão alta.

Perguntada a respeito dos pais de seu neto ela me respondeu que seu genro tinha pressão alta, mas fazia dieta e tomava os remédios de forma correta e assim sua pressão se mantinha perto do normal.

Em relação ao rapaz, ela me disse que ele almoçava fora de casa, e pelo que se dizia, gostava de comer “bobagens”, frituras e salgadinhos com refrigerantes, quase todo dia.

Em relação ao peso do jovem, ela respondeu que ele estava meio gordinho.

Procurando explicar de forma fácil para ela entender, disse-lhe que duas coisas estavam contribuindo para aquela situação de seu neto.

A herança genética do pai, que era hipertenso, e seus hábitos de vida.

Alimentava-se de forma errada e fazia pouco ou nenhum exercício.

A obesidade e o sedentarismo (não praticar atividades físicas) eram vistas no mundo inteiro como uma grave agressão à saúde do corpo, e eram consideradas como uma porta aberta para a entrada de diversas doenças, entre elas a diabetes e a pressão alta.

Crianças obesas desenvolvem bem cedo alterações em sua pressão sanguínea assim como alterações em sua taxa de açúcar, segundo a constatação dos pediatras.

Manter uma alimentação correta e hábitos de caminhar e praticar esportes são a melhor forma de se manter saudável. Podemos cometer erros e abusos com a comida e a bebida de modo esporádico, num ou noutro fim de semana, em alguma ocasião especial.

Mas fazer disto uma rotina é desastroso para qualquer pessoa, é um mergulho na doença.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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