Nova Friburgo não merece tanta desgraça

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O espetáculo desagradável protagonizado por Sérgio Xavier, prefeito da vez, e Dermeval dá a dimensão exata da situação ridícula pela qual passa Nova Friburgo, transformando-a numa cidade digna de pena. A outrora Suíça Brasileira é um capítulo encerrado, pois tal acontecimento seria impensável na Suíça de verdade. Lá, a imagem de uma cidade, do país, jamais seria enxovalhada por atos dessa dimensão. Pior ainda, a atuação do poder judiciário, corroborando a desconfiança que a população tem por determinados magistrados e envergonhando aqueles que fazem do Direito uma atividade séria.

A nova posse de Dermeval mais parecia um jogo do Friburguense no estádio Eduardo Guinle, com seu tradicionais torcedores, pois sua aparição no palanque durou pouco mais que os noventa minutos de uma partida de futebol. A diferença está que o Friburguense, na realidade, foi uma das poucas instituições a tentar manter a integridade da cidade, com sua volta com V maiúsculo à primeira divisão do futebol do Rio de Janeiro, o que lhe abriu as portas do campeonato brasileiro da série D, transformando-o num divulgador gratuito de Nova Friburgo, de sua gente e de seus produtos manufaturados.

Quando falei que, a meu ver, o maior inimigo de Friburgo era o próprio friburguense, quase apanhei, mas será que esse espetáculo de ópera bufa protagonizado pelo prefeito em exercício e aquele que foi impedido de continuar seu mandato contribui de maneira positiva para melhorar a imagem da “princesinha da serra”? Isso sem falar que somos motivo de comentários maldosos, pois na realidade pagamos salário a três prefeitos e talvez não tenhamos nenhum.

Estamos no fundo do poço. A saúde vai mal, obrigado, a educação pública, outrora orgulho da cidade, um horror; segurança é algo precário e a conservação da cidade um desastre: ruas e calçadas esburacadas, logradouros públicos sujos e malcuidados. À população só resta pagar impostos e multas, impotente para dar a volta por cima. Aliás, a indústria da multa, protagonizada pela Autran, vai de vento em popa. Minha esposa teve seu carro multado em outubro de 2011, e a suposta notificação só teria chegado em fevereiro de 2012. O agente terceirizado, que provavelmente nem esteve em nossa casa, disse que conversou com um vizinho de nome Aguinaldo, inexistente na Rua Alpina, e informou que Oneli Wolosker era desconhecida, provavelmente um fantasma, uma alma penada. Conclusão a notificação que consta no Detran não pode ser paga no banco, pois não está na sua grade e não se consegue uma 2ª via porque a Autran não pode emitir multa. É preciso que o “infrator” solicite à autarquia uma comunicação ao Detran para que, aí sim, em quarenta e oito horas o débito possa ser quitado. É inacreditável que em pleno século XXI, com a informatização a todo vapor, não se tenha acesso de imediato ao site da Autran e às multas por ventura emitidas. O mais grave é a notificação ser entregue em mãos, por agentes terceirizados, que não cumprem seu dever, pois o correto era tentar encontrar o morador por mais duas vezes. Ao colocar “desconhecido” eximiu-se do trabalho. Ao procurar a Autran muna-se de paciência, muita paciência, pois o atendimento ali é péssimo.

A nós, cidadãos, só resta rezar e exigir que o próximo prefeito seja novo, só assuma após ser aprovado num check-up rigoroso, para que a atual situação não se repita mais: um prefeito que já era, um que voltou, mas não levou e um tampão que foi e voltou.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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