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Marketing e política
Nada faz mais mal ao marketing do que sua projeção nas campanhas políticas. De dois em dois anos o marketing ganha visibilidade e sofre desgaste com o uso indiscriminado e quase perfeito de suas ferramentas para eleger uma legião de Tiriricas pelo Brasil afora.
O uso correto do personagem com seu chapéu tolo e caras cômicas, e principalmente, entendendo o pensamento do eleitor (consumidor de campanha política) sua campanha permitiu um resultado estrondoso e não menos vergonhoso.
Nosso sistema eleitoral privilegia o grande distanciamento entre eleitor e eleito, a partir deste caminho todos os demais parecem piorar o quadro. Numa leva enorme de partidos, sem ideologia, coligados entre si de forma quase inacreditável, inimigos de ontem em alianças de hoje visando interesses próprios de amanhã se fundem e alavancam votos que são depois rateados entre os mais votados, nesta estratégia, uma legião de candidatos a vereador somam votos para os outros, aqueles que são os verdadeiros donos das cadeiras.
Nesta regra confusa, ignorada pela grande maioria dos eleitores, o marketing apoia discursos, imagens, trilhas sonoras e promessas que não são inspiradas no que o político pode, pretende ou irá fazer, mas sim no que o eleitor gostaria que fosse feito, assim seguem campanhas nos trilhos das promessas não exequíveis, com alianças políticas que mais se parecem com algemas e que resultam na mesma passividade e descrença do eleitorado.
Pesquisas de opinião estudam intenção de voto, rejeição dos candidatos, descobrem o que mais importa ao eleitor, de modo a dar ao candidato informação sobre quanto tempo de cada discurso deve ser ocupado com cada tema. Estudo com grupos focais permitem a escolha da roupa, dos óculos, do cenário e das palavras, mudam dentes, cabelos, roupas. Em tempo real debates são realizados com grupos isolados para perceber suas percepções e intervir rapidamente no argumento, forma, modo e conteúdo de cada fala.
O marketing tem muito a oferecer, mas sempre esteve e sempre estará limitado pela capacidade crítica de quem compra/absorve a mensagem. A venda com promessas avulsas, recheadas de favores pessoais, desconectadas do realizável ou do ideal para todos, são perfeitas a consumidores desprovidos do senso comunitário e/ou do senso crítico.
A venda da mentira é apoiada no comportamento de impunidade eleitoral, aonde o candidato não sofre no voto retaliação do eleitor pelas promessas não realizadas. Deste modo fica claro que o marketing não é o senhor das trapaças, mas sim os muitos candidatos que o usam para parecerem exatamente quem você gostaria que ele fosse enquanto escondem quem realmente são.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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