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Nem sempre ser mãe é padecer no paraíso
No mundo inteiro, sem exceções, mesmo nos países mais ricos e avançados social e cientificamente, a gravidez sempre se constituiu, e ainda continua, sendo um período da vida feminina cheio de riscos para a saúde e a vida da mulher.
Se observarmos as estatísticas internacionais vamos verificar que inegavelmente houve grande progresso e acentuada diminuição no número de mulheres mortas durante a gestação e por causa dela.
Voltando os olhos para cem anos atrás, a perda de vidas das gestantes e dos filhos era verdadeiramente assustadora, mesmo nos países mais desenvolvidos.
Apesar de se considerar a gravidez um acontecimento natural e fisiológico, algo indissociável da vida feminina, é inegável que, apesar de todos os cuidados, é um período de suas vidas onde graves acontecimentos podem acontecer.
Entre nós existem dois momentos bastante carregados de perigos e complicações, apesar dos cuidados que se possa ter. São eles, respectivamente, o início e o fim da idade reprodutiva.
Na adolescência e próximo dos quarenta anos. Tanto é assim que, aqui em nossa cidade, o serviço de pré-natal público promove uma atenção diferenciada para as grávidas nesta faixa etária. É o chamado atendimento para gestantes de alto risco, nome que se dá para as mulheres gestantes na adolescência e perto dos quarenta anos.
Recentemente, o Ministério da Saúde liberou algumas informações a respeito da mortalidade no país, que mostram por seus números uma boa diminuição das mortes maternas e fetais. São informações agradáveis de se tomar conhecimento, mas mesmo assim ainda continuamos longe da media de muitas nações.
Existe uma medida que se utiliza em estatística, e a mesma é utilizada pela Organização Mundial de Saúde para avaliar a qualidade da assistência médica prestada às mulheres durante a gestação, nos seus respectivos países.
Apenas para ilustrar, vou mostrar para vocês as taxas de mortalidade materna por cada cem mil fetos nascidos vivos.
Brasil, 55 mulheres mortas. Japão 7. Índia 254. Haiti 582. África 1.570. Estados Unidos 17. Itália 4.
Como se pode ver, são números que impressionam. As explicações para tão diferentes taxas de mortalidade são muitas.
Elas vão desde os fatores financeiros aos sociais.
Apesar de serem mais ricos, os Estados Unidos perdem para a Itália.
As nossas taxas de óbitos maternos já foram piores, em tempos passados, mais ainda nos causam vergonha. Estamos longe do ideal minimamente aceitável.
As principais causas de morte materna durante a gravidez nos países desenvolvidos são a pressão alta e logo em seguida as embolias. Nos países pobres são principalmente as hemorragias depois do parto.
Como podemos ver, por tudo isto, nem sempre ser mãe é padecer no paraíso!

Dr. Norberto Louback Rocha
A Saúde da Mulher
O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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