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Rio+20, coisas interessantes
Em minha coluna da semana passada falei sobre o gaúcho naturalizado francês Eduardo Cypel, do PS (partido socialista, da França), e cotado para se eleger deputado na Assembleia Nacional francesa. Pois bem, no último fim de semana ele teve 52,77% dos votos na região Seine-et-Marne e passa a ser o primeiro deputado franco-brasileiro da história recente.
Também nesse último fim de semana fui ao Rio e como meu hotel ficava numa das transversais da Praia do Flamengo, aproveitei para visitar o espaço da Rio+20 denominado Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. Apesar de cético quanto ao destino do nosso futuro, principalmente com a negativa sistemática das nações ricas em dar a sua contribuição efetiva para proteger e salvar o nosso tão combalido meio ambiente, vi algumas coisas muito interessantes. Vi que com criatividade, o que nós temos de sobra, é possível manter qualidade de vida e proteger nosso planeta da sua destruição. Num dos estandes do Sebrae, conheci a Aradefe Malhas, situada no Vale Europeu, na cidade de Brusque, Santa Catarina. Pois bem, essa empresa trabalha entre outras coisas com uma linha eco, uma linha de produtos ecologicamente corretos, derivados da reciclagem de embalagens PET e algodão 100% orgânico.
As embalagens PET há muito tempo são um dos vilões do meio ambiente, pois sendo fabricadas em plástico não biodegradável, levam mais de cem anos para serem destruídas. Segundo o expositor que nos atendeu, esse material é reciclado, processado e depois transformado em fibra. O processo de fiação condiciona o material para a etapa de tecelagem ou malharia, que, em seguida, vai para a confecção de artigos de vestuário, cama, mesa, banho ou acessórios. O resultado final é um produto de qualidade tão boa quanto aquele que foi confeccionado com a matéria-prima não reciclada, mas com uma diferença fundamental: o respeito ao meio ambiente através dos valores sociais e ecológicos agregados. O melhor de tudo é saber que já existe, em Nova Friburgo, confecções que usam esse material para a fabricação de seus produtos.
Outro estande por nos visitado a chamar nossa atenção foi o desenvolvido pelo estilista Beto Kelner e seu irmão Marcos Kelner, do Recife. A empresa deles, a Gatos de Rua, também trabalha com garrafas PET e outros produtos de reciclagem, na confecção de bolsas, joias e quadros. Segundo eles as vantagens desse segmento são a diversidade de empregos por ela criados, além das melhorias ambientais. De um lado são catadores, empresas de reciclagem, empresas que fabricam o lixo doméstico (latinhas de cerveja, de refrigerantes) e as empresas que fabricam produtos a partir da reciclagem; do outro a diminuição da utilização de fontes naturais, muitas vezes não renováveis e a diminuição de resíduos a necessitarem de tratamento como aterramento ou incineração. Eles criaram também o Instituo Gatos de Rua, que cuida de adolescentes em situação de risco, com a finalidade de profissionalizá-los.
Muitos stands falando dos perigos da destruição da Amazônia e num determinado momento, pensamos que tínhamos entrado numa máquina do tempo e voltado à época de Cabral, tamanha a quantidade de índios que participam de palestras e outras atividades, cujo tema principal é a preservação da natureza. O Rio está bem cheio, os hotéis abarrotados e muitos turistas estrangeiros, principalmente jovens.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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