Colunas
Cuide bem do marido dela!
Sabe quem é o melhor cliente do mundo? Resposta direta: marido!
Nada assusta mais um homem que comprar presente para uma mulher. E tem que ser muito macho para admitir...risos. O universo de consumo feminino é muito complexo, tendências, cores, preocupações em disfarçar isso, valorizar aquilo, esse é transparente, aquele é curto, esse é longo, enfim, é muita informação.
De modo geral a compra envolve medos, culpas, desinformação. E quando se trata de esposa, fazer barganha na compra de um presente para ela pega muito mal. Nesta lógica o marido tem muito, mas muito potencial.
Mas mergulhar no universo feminino é o equivalente a pedir para uma mulher comprar um amplificador de som com seus watts, intermodulações, design etc. Sabidas, as mulheres não se metem a comprar amplificadores, mas nós homens, metidos a sabichões, nos metemos a comprar cosméticos e roupas, e aqui inicia minha saga!
Vou eu já sob a pressão do desconhecimento do universo de tecidos e cremes em busca de um presente para minha esposa. Sabendo de uma roupa que ela havia gostado, mas estava em dúvida, entrei na loja e busquei exatamente o que ela havia confidenciado. Em conversa com a vendedora a mesma se mostrou negativa a possibilidade de permitir que levasse a peça para na manhã do dia seguinte, em caso de recusa, pudesse devolver. Eu, cliente em potencial, tanto financeiro como de predisposição a ser adotado por uma vendedora no complexo mundo da moda, fui barrado na proposta. Sob regras imutáveis de grandes lojas, a pequena boutique se limitou a me obrigar a ser cliente dela, ou seja, somente por troca de outra mercadoria. Saí de lá como entrei, sem produto, aliás, saí também sem fé.
Na mesma calçada pressionado pelo relógio, pois já passavam das 19h, hora que o mundo determina que você não pode mais comprar nada, num andar ligeiro, encontro a loja que por vezes já me acolheu nas compras. A porta fechada tirou minhas esperanças e sob o olhar do proprietário, por detrás da vitrine, balbuciei diante da derrota:
— Fechada?!
De pronto, abrindo a porta, ele responde:
— Não! Você chegou!
Como resistir? Como não achar que o mundo voltou a girar e que amanha será um lindo dia de sol!?
Uma vendedora atenciosa, comprometida e educada conduziu o processo, sem pressa, sem negativas. O dono como ótimo gerador de exemplo apareceu durante o processo, reforçou suas crenças e minha fidelização.
Curioso como um mesmo dia, uma mesma calçada, uma mesma necessidade pode ser conduzida de forma tão antagônica, com desfechos igualmente opostos numa pequena diferença de minutos, mas com uma grande diferença de manejo. Fica clara a relação entre conduta e resultado, mais direta impossível. Uma loja acredita que vinculando seu produto a uma compra duvidosa vai garantir um cliente, enquanto a outra acredita no poder de cuidar e envolver-se com seu cliente.
Mais do que isso, uma demonstra grande entendimento de que consumidores precisam de cuidados e que marido em compras são seres rentáveis e frágeis, que apresentam grande potencial financeiro, grande capacidade de seguirem sugestões e vocacionados à se fidelizarem aos pontos de vendas que entenderem sua natureza simples e objetiva—acertar no presente de quem amam.
Da próxima vez que um marido entrar na loja, cuide bem dele, observe com carinho e verão uma etiqueta de preço bastante interessante em sua testa, quer seja no curto, mas principalmente no médio e longo prazos.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário