Direito ou obrigação?

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Nos países ditos do primeiro mundo, aqueles onde os níveis de qualidade de vida e desenvolvimento das sociedades é mais evidente, não se fala apenas em população da terceira idade, mas da quarta.

Nestas nações, os grupamentos de mulheres e homens acima dos oitenta anos são bastante importantes. Estas pessoas alcançaram tal idade não apenas por razões genéticas ou de hábitos mais saudáveis de vida, mas por um grande conjunto de situações, que envolvem muito mais itens do que estes citados acima.

Para nós, que nascemos e passamos toda uma vida convivendo com uma outra realidade, bem mais inferior, sob quase todos os aspectos, torna-se difícil entender como aqueles países chegaram àquele estágio de poderem oferecer aos seus cidadãos toda aquela estrutura social que aos nossos olhos ressalta-se como um sonho, o qual nos parece impossível alcançar.

Não devemos pensar desta forma, embora a população brasileira se declare desencantada, desanimada, com a sua realidade, pois não se passa um só dia em que os meios de comunicação não tenham como destaque em suas manchetes da manhã alguma notícia de roubo, corrupção, crimes de morte, assaltos e por aí afora.

A descrença nos políticos é uma unanimidade nacional, um contingente enorme de pessoas se questiona porque tantos bons cidadãos se afastaram da atividade política, deixando espaço para que outros, menos preocupados com o bem-estar e o futuro das suas comunidades ocupem aquele espaço onde se decide a vida de todos.

Hoje, em todos os recantos deste gigante adormecido chamado Brasil, uma das frases que mais se ouve é “vou votar em branco”. Desapontados, os brasileiros veem nesta atitude uma espécie de vingança particular contra os partidos políticos e os seus candidatos. Na verdade é um pensamento infantil, pois como o voto não é um direito do indivíduo, mas uma obrigação imposta pelo estado, outros milhões de habitantes do país, muitas vezes menos conscientes e esclarecidos, vítimas da chamada propaganda enganosa, votarão pontualmente nos piores elementos.

Assim sendo, este gigantesco país continuará, por muitos e muitos anos, atolado em estradas lamacentas que impedem a passagem do progresso, batendo nas portas de hospitais e escolas sem recursos para atender suas necessidades e de suas crianças, ignorando que somente os políticos podem decidir estas coisas.

Dizem os especialistas no ramo que os políticos são o retrato das sociedades que representam. Se esta afirmação for realmente verdadeira, nossa sociedade está ainda a muitos anos luz do que nós gostaríamos que fosse. Como a chegada à chamada quarta idade depende também de uma saudável geração política, é possível que ainda tenhamos que aguardar um longo tempo para ver isto acontecer.

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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