Brasil: Terra de Santa Cruz

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Caros amigos, o sinal da cruz sempre foi provocativo. São Paulo já afirmava nos albores do cristianismo: “Os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria. Nós, porém, proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (ICor 1,22-23).

Entretanto, o que se discute com a decisão do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, realizada no dia 6 de março, quando determinou a retirada dos crucifixos dos espaços públicos dos prédios da Justiça gaúcha, não é uma questão religiosa, mas uma questão cultural. Ninguém pode mudar a história e as raízes culturais de um povo.

O Brasil teve sua primeira cruz levantada no momento mesmo de seu descobrimento, seu primeiro nome catalogado foi “Ilha de Vera Cruz” ou “Terra de Santa Cruz”. Instituições importantes como hospitais, escolas e universidades surgiram como “Santas Casas de Misericórdia” e escolas de congregações religiosas como os jesuítas e outras. A própria Constituição da República do Brasil, como todas as outras Constituições Ocidentais, inclusive a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), tiveram inspiração em princípios judaico-cristãos—motivo pelo qual não é respeitada em muitos países de formação mulçumana.

Não é por acaso que ostentamos crucifixos nos altos de nossas colinas, em nossas praças e nas repartições públicas de nosso País. Do mesmo modo que não se questiona a permanência da estrela de Davi na bandeira do país de Israel, nem o crescente nos países de origem mulçumana. Também não é por acaso que 1 em cada 9 municípios do Brasil tem nome de santos católicos (11,7%), isto sem contar os bairros, ruas, praças, danças, festas, etc.

Ao retiramos estes sinais não reafirmamos nossa identidade, mas a perdemos junto com suas raízes. Outros países empreenderam esta marcha antes de nós e agora chegam a proibir a presença de representantes públicos em cerimônias religiosas e, inclusive, a ostentação pessoal de símbolos religiosos como pingentes, bíblias e véus mulçumanos. Pode haver um Estado laico, porém não existe “povo laico”, nem uma cultura “neutra”.

Em nossa cultura o crucifixo não é simplesmente o símbolo do cristianismo, mas é a mais contundente crítica à injustiça cometida contra um inocente que a história já viu, e aqui estão incluídos todos os injustiçados, marginalizados e excluídos de nossa sociedade. Pensemos bem no que estamos fazendo.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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