Colunas
O desafio da educação católica
Caros amigos, daremos continuidade a uma série de reflexões acerca de um tema que parece-me mais urgente a cada dia: a educação de crianças e jovens, e, em particular, nas escolas católicas.
Além do pouco valor que recebem os profissionais que dedicam suas vidas a esta nobre tarefa, notamos também um progressivo esvaziamento do sentido da “educação”.
A escola, lugar privilegiado da educação, é, sem dúvida, uma encruzilhada sensível da problemática que agita nosso mundo atual. Nela encontramo-nos todos os problemas que assolam nossa juventude: alunos que ressentem a fadiga e são incapazes de sacrifício pessoal e de constância e não encontram modelos válidos de referência. Em suas famílias dificilmente encontramos incentivos religiosos ou morais, o que faz com que, no fundo, se peça à escola católica somente um diploma ou, quando muito, uma instrução qualificada e uma habilitação profissional. (Cfr. CEC - A escola católica no limiar do terceiro milênio, 6.)
Ante este quadro, razão de nossa inquietação, a Igreja nos convida a recordar a única resposta capaz de suprir os anseios do homem: Jesus Cristo. O Concílio Vaticano II afirma categoricamente que “o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado” (GS 22), do que podemos deduzir que, aquele que desconhece Cristo, desconhece a si mesmo.
Um grande equívoco contemporâneo é uma difusa redução da missão educativa de nossas escolas aos aspectos simplesmente técnicos e funcionais do ensino. A própria ciência pedagógica volta-se para a fenomenologia e prática didática e se esquece da formação integral da pessoa, inclusa sua relação com Deus e os demais, em nome de uma pretensa “educação neutra”. Fenômeno que se agrava quando se verifica também nas escolas católicas.
As escolas católicas são parte integrante da “missão salvífica da Igreja e especialmente na exigência da educação na fé” (CEC - A escola católica, 9), e esta não é uma nota mais entre suas muitas características, mas sua principal nota e razão de sua especificidade. O modelo da escola católica, juntamente com seu projeto educativo, deve ser inspirado no evangelho, em vistas a uma educação integral.
Educa-se o homem para conviver, não um simples indivíduo para o mercado de trabalho. Educa-se o homem também em seu aspecto religioso, em sua fundamental relação com Deus e com os irmãos. Quando se ignora esta vertente, todos os outros conhecimentos perdem sua unidade e o homem, o sentido fundamental de sua existência.

Dom Edney Gouvêa Mattoso
A Voz do Pastor
Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.
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