Com vento bom, é fácil navegar

sexta-feira, 06 de abril de 2012

O número de falências aumentou. Pelo segundo mês seguido a economia dá sinais de desaceleração e alguns setores de retração. As falências aumentaram 36% de janeiro para fevereiro e as microempresas são as líderes nesta categoria de pedido. Diferente do que muita gente acredita e foca, não é o prejuízo que quebra uma empresa, mas o capital de giro, aquele dinheiro que permite que se pague a operação enquanto não entra dinheiro. Falhas na concessão de crédito e na avaliação de estrangulamento do capital de giro são quase sempre os motivos predominantes no quebra-quebra.

A crença que perseverança supera a técnica é ilusão de brasileiro que se orgulha de não desistir nunca, de gente que segue teimando, afundando no negócio quando deveria substituir a teimosia por persistência e trabalho braçal por conhecimento técnico e ter claro que administrar não é levantar vela sem conhecer de vento e bússola, mas técnica e estratégia.

Cada vez que vejo um novo negócio, olho com imenso respeito ao empreendedor, vejo ali anos de sonhos, economias de uma família inteira, vejo filhos que foram privados, pais que acreditam que tomaram a melhor decisão e vejo sonhos, sonhos que não foram vividos em nome de tantos outros a se realizar, deste modo meu olhar é de torcida, de bem querer, mas depois de alguns anos, podemos pressentir que há em muitos casos tudo para não dar certo.

Negligências comuns são o início baseado em passos bem maiores que as pernas, começar já sem capital de giro, dando pouco ou nenhum fôlego ao negócio. O segundo é um festival de tomada de decisões baseadas em “eu acho”, “eu gosto”, “eu quero”. Deixar o cliente fora do processo de escolha é prenúncio de morte prematura num mercado tão agressivo como o que temos hoje.

Hoje está mais fácil começar um negócio, fácil em termos de acesso, a informação é mais disponível, fornecedores são mais acessíveis, feiras que ocupam diversos pavilhões nos dão a sensação de especialista no assunto em dois ou três dias de frequência, a internet provendo toda sorte de respostas às nossas buscas, nada que possa ser comparado à abertura de um negócio há trinta, cinquenta anos atrás, mas hoje também está muito mais fácil ver seu negócio desabar sobre seus olhos, pés e mãos.

Diz a lenda que nenhum vento é bom quando não se sabe para onde ir. É fato! Mas quando se sabe para onde ir e o vento é contrário, é preciso mais que sabe navegar, há pouco espaço para tombos no convés e as frequentes tempestades assuntam, mas mais ainda a calmaria, é ela quem sela destinos quase sempre.

Diante dos novos rumos da economia que preveem um cenário mais apertado, os erros passam a assumir dimensões mais significativas, e calcular passos, direções e esforços são mais importantes e mais prioritários. Os negócios fora do seu perfeito equilíbrio são sempre os candidatos imediatos a perdas e danos, ajustar para prosperar ou ao menos sobreviver é palavra de ordem, e claro, como sempre, é um cenário de oportunidades, pois onde há recuo para um, pode ser a grande deixa para o avanço de outro, pois assim como o mar, o mercado é líquido, sempre se acomoda, sempre alguém ocupa um lugar deixado livre, tal qual a água que preenche todos os espaços. Assim sendo, velas ao alto.

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