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Baixa estatura
A fase de crescimento de um indivíduo começa no momento da fecundação e vai até os vinte anos nos meninos e quinze anos nas meninas, quando se completa o processo de maturação, marcando o fim da adolescência e o início da idade adulta. Apesar de não existirem evidências de que uma maior estatura esteja relacionada ao sucesso profissional e nos relacionamentos, a altura é um dos atributos físicos valorizados pela sociedade e, frequentemente, é motivo de preocupação dos pais, da criança e do próprio indivíduo quando adulto.
No processo do crescimento vários fatores são importantes, tais como hormônios, nutrientes, condições fisiológicas e psicológicas, mas as estrelas principais são o GH (do inglês grow hormone ou hormônio do crescimento) e o IGF1. O primeiro é produzido pela hipófise, uma glândula do tamanho de uma ervilha, situado na base do cérebro; o segundo é produzido pelo fígado, sob estimulo do GH e é responsável pelo aumento estatural, através da cartilagem de conjugação, estrutura óssea fundamental para que o processo se desenvolva.
Se o fator idade é um parâmetro, pois ela pode ser classificada como cronológica, estatural ou ponderal, o mesmo se aplica à altura de um indivíduo quando comparada à população em geral, ao potencial familiar ou a um crescimento abaixo do esperado para a faixa etária da criança. De uma maneira geral, quando ele permanece abaixo dos quatro centímetros por ano, isso deve acender o sinal de alarme entre pais e pediatras com o conveniente encaminhamento ao endocrinologista o mais rápido possível. O esperar até os nove anos, prática comum em nosso meio, pode ser desastroso roubando tempo precioso no tratamento e condenando esses indivíduos a uma altura aquém da desejada.
O déficit de crescimento é uma doença multifatorial, ou seja, vários fatores podem ser responsabilizados pela sua ocorrência. Desnutrição, maus hábitos alimentares e má absorção intestinal se alinham entre as causas nutricionais. As doenças genéticas, respiratórias, renais, intestinais e cardíacas, além de fatores comportamentais como sedentarismo, carência afetiva e sono inadequado também podem contribuir para a baixa estatura. Entre as causas hormonais, as principais são o hipotireoidismo e a deficiência do hormônio de crescimento.
O diagnóstico é feito através de exames radiológicos e laboratoriais. Toda criança com déficit de crescimento deve fazer uma avaliação da idade óssea, exame radiológico que avalia o crescimento dos ossos do punho e mão esquerdos. É um procedimento de fácil realização e quando ela está dois ou mais anos abaixo do esperado, uma prova dinâmica do GH e a dosagem do IGF1 se impõem. Esse mesmo procedimento deve ser feito caso a altura da criança esteja abaixo do percentil 5%, numa tabela específica para crescimento. Além disso, avalia-se o funcionamento da tireoide se houver suspeita de hipotireoidismo. É importante, também, proceder a uma avaliação geral com exames de sangue, fezes e urina.
Caso a baixa estatura seja causada por déficit de hormônio de crescimento, a reposição deve ser iniciada logo que possível, pois quanto mais longe do início da puberdade, melhor as chances de um crescimento mais próximo do normal. Apesar de ser relativamente caro, o governo dispõe de programas que fornecem o medicamento para muitos casos.
No entanto, existem as causas não hormonais de déficit de crescimento. Tão logo elas sejam identificadas, as correções que se impõem devem começar, principalmente, no que se refere à alimentação e ao sono adequado. “Criança cresce quando dorme” é um ditado popular, mas que tem um fundo de verdade.

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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