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Que carro você gostaria de dirigir antes de morrer?—A importância da humildade - 15 de dezembro 2011
A revista Quatro Rodas, anos atrás, publicou a matéria: “Que carro você gostaria de dirigir antes de morrer?”. Ao ler o título pensei que cairia bem para um artigo filosófico. Se nos esquecemos que iremos morrer, podemos esquecer de praticar coisas na vida para viver melhor, como ser humilde.
Humildade não é pobreza material. Tem gente pobre materialmente e muito orgulhosa, e gente cheia de bens materiais e humilde. Humildade é você reconhecer que tem limitações e, por isso, se despe de qualquer posição prepotente, como se fosse um deus. Você descobre emocionalmente que não é um deus.
Humildade é você reconhecer que é igual aos demais seres humanos no sentido de ter um corpo, uma mente e espiritualidade (praticada ou não). É reconhecer que estamos todos no mesmo barco da vida maravilhosa e limitada, que nenhum de nós pode criar, mas apenas (e isto é importante!) proteger, cuidar, evitar sua perda precoce.
Parece que quanto mais a pessoa vai ficando idosa no tempo, se aprende sabedoria, mais humilde vai ficando diante desta coisa colossal chamada “existência”. Não se esqueça de que vivemos num planeta de dimensões modestas, numa galáxia também não tão “mega” como outras, em que a estrela central, o Sol, é “apenas” de 5ª grandeza. Já temos 7 bilhões de pessoas vivendo neste planetinha maravilhoso, cuja vida social é tão injusta e cujos habitantes guerreiam por besteira por terem uma mente materialista, como se a vida fosse mantida por mais tempo em função do quanto você possui no banco ou em imóveis!
Humildade tem que ver com o reconhecimento de que sabemos em parte, podemos em parte, vivemos um tempo curto.
Orgulhosa é a pessoa que não sabe que não sabe, pois ela pensa que sabe. Ela não tem sabedoria, pois a primeira coisa que a pessoa com sabedoria diz é que ela sabe pouco diante da vastidão do conhecimento.
Você quer viver melhor, com melhor qualidade de vida? Então procure ser humilde. Desça do andor. Abaixe o facho. Dispa-se da prepotência arrogante. Controle sua língua ferina e mortal. Pare com o pedantismo vazio e inútil. Assuma sua fraqueza em alguma área da vida. Não se embriague com o poder que está em suas mãos, pois ele lhe está emprestado. Fale menos e pense mais. Reconheça impotência em tantas coisas. E decida melhorar, rumo à humildade. Nela há melhor vida.
Humildade não diminui a pessoa, pelo contrário, a coloca no mesmo patamar de todas as outras. A diferença de raça, cultura, formação acadêmica, classe social e econômica não faz uma pessoa melhor que a outra enquanto ser humano. Somos muito frágeis. Basta um tombo e morremos. Basta uma plaquinha de gordura numa artéria vital e enfartamos. Basta um possesso ou drogado nos assaltar, atirar sem razão mesmo sem reação nossa, e morremos em segundos.
Qual carro você quer dirigir antes de morrer? A primeira parte desta frase é um vazio só, pois é cheia de desejo carnal vaidoso que nunca preenche a alma: “Qual carro você quer dirigir?”. A parte final, entretanto, é cheia de realismo que deve nos levar a refletir: “Antes de morrer?”. Não é sem razão que o sábio Rei Salomão disse: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque ali se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração”. Eclesiastes 7:2.
Não podemos evitar morrer, mas até certo ponto retardar a morte. Como? Usando alimento saudável na quantidade, qualidade e horários certos; eliminando ingestão de bebidas alcoólicas, pois beber com moderação é intoxicar-se com moderação; dormindo mais cedo e acordando mais cedo; convivendo muito tempo em meio à Natureza; praticando exercícios físicos diários; eliminando ou evitando o tabagismo; mantendo sua mente ativa em coisas úteis; ajudando outras pessoas voluntariamente, não vivendo esta vida como um fim em si mesma.
Humildade facilita a vida e até a prolonga. Seja humilde.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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